O Saesa (Sistema de Água e Saneamento Ambiental de São Caetano) calcula que, no mínimo, serão necessários mais dois dias para limpar a lama e entulho deixados pela enchente no bairro Fundação. As ruas próximas ao Rio Tamanduateí, que transbordou em decorrência do temporal da noite de domingo, foram as mais atingidas.

A Rua Major Aderbal de Oliveira continuava ontem intransitável, pois a lama permanecia no asfalto e os móveis estragados pela água fétida transformaram-se em lixo e foram deixados no meio da via para serem coletados.

Outras ruas no entorno também sofreram as consequências da enchente, e diversas residências foram atingidas pela água. A família da dona de casa Mércia Drumond, 66 anos, moradora da Rua Benedito Moretti, perdeu TV, geladeira, fogão, cama, colchões, guarda-roupa, máquina de lavar e outros itens. Seu irmão, Marcelo Drumond, 51, explica que dependem da ajuda da família, amigos e vizinhos. “Agora é continuar trabalhando e ter fé em Deus”, lamenta.

A recepcionista Marta Valéria, 56, mora há 26 anos na Rua Marconi com filhos, genros e um irmão deficiente. Segundo ela, a altura da água atingiu mais de dois metros dentro da casa. “Perdi armários, alimentos, colchões, sofás, tapete. Estou desempregada, com o restante do dinheiro que eu tinha havia comprado comida, mas a enchente levou e foi tudo para o lixo.”

Os moradores da Rua Dr. Durval Vilalva também lamentavam a tragédia no bairro. O técnico eletrônico Alexandre Zapparoli, 45, relatou que nunca havia visto enchente tão intensa. A casa em que ele mora possui comporta na entrada, algo muito comum naquela região, já que o Rio Tamanduateí costuma transbordar em períodos de chuva. Mas, no incidente de domingo, nem a comporta foi capaz de impedir a entrada da água na casa, explicou o morador. “Devo ter tido um prejuízo de mais de R$ 50 mil em móveis e eletrodomésticos”, calculou Alexandre, enquanto carregava tábuas de um móvel destruído para a calçada.