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Por fim da greve, Temer cede à pressão
Tauana Marin
Diário do Grande ABC
28/05/2018 | 07:00
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Diante do sétimo dia de paralisação dos caminhoneiros e do agravamento de desabastecimento de insumos no País, o presidente Michel Temer (MDB) cedeu à pressão dos grevistas e, na noite de ontem, anunciou medidas na esperança de que a greve chegue ao fim, já que grande parte dos itens integra lista de reivindicações da categoria.

Entre elas, o governo se comprometeu a reduzir o preço do litro do óleo diesel em R$ 0,46, agora não mais por 15 dias, mas por dois meses.

Segundo ele, a medida vai requerer da União “sacrifícios no orçamento”, já que o corte não será transferido à Petrobras para evitar prejuízos operacionais da empresa. Temer também prometeu reajustar o combustível mensalmente, e não mais diariamente. “Isso ajudará os caminhoneiros a planejar melhor seus custos e valores de frete.”

O presidente garantiu também isenção do pagamento de pedágio dos eixos suspensos de caminhões vazios em rodovias federais e estaduais; retorno de 30% nos fretes da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e instituição de tabela mínima de frete, em análise no Senado. “Isso resulta da preocupação que temos com cada brasileiro. Espero que os caminhoneiros e caminhoneiras tenham sensibilidade, responsabilidade e patriotismo.”

A paralisação dos caminhoneiros entra no oitavo dia hoje e o País enfrenta graves problemas de desabastecimento – de combustíveis a alimentos.

No Grande ABC, há possibilidade de hoje haver postos de combustíveis reabastecidos. Porém, a gasolina seria vendida apenas para serviços essenciais, como viaturas de policiais e guardas-civis municipais e ambulâncias. O plano discutido antes do pronunciamento de Temer na noite de ontem era de garantir o combustível em quatro postos por cidade da região – das bandeiras BR Petrobras, Shell, Ipiranga e Ale (um estabelecimento de cada).

Presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivado de Petróleo do ABCDMRR), Wagner de Souza avaliou que as promessas de Temer não ficaram claras. Sobre a possibilidade de reabastecimento em postos do Grande ABC, ele informou que hoje pela manhã haverá reunião entre o governo do Estado e a PM (Polícia Militar) para debater o assunto, uma vez que não há escolta suficiente para garantir a circulação dos caminhões. Segundo Souza, caso não haja solução até quarta-feira, o colapso chegará. “Estamos falando de merendas nas escolas, serviços de Saúde, Vigilância Sanitária. Está faltando sensibilidade ao governo federal. Subestimam o que está acontecendo no País.”

Ontem pela manhã, protesto aconteceu na Via Anchieta. Caminhoneiros receberam adesão de populares que passavam pelo local. Os motoristas mantiveram os veículos no acostamento.

SERVIÇO PÚBLICO - No Grande ABC, somente o serviço de transporte público será afetado hoje, e de maneira parcial. Em Santo André, empresas trabalharão com 65% da frota. Em Diadema haverá corte de 40% da oferta.

As administrações da região asseguraram que hoje haverá aula regular nas escolas municipais, bem como coleta de lixo e funcionamento de prédios públicos, como hospitais. Entretanto, durante o dia haverá reuniões para avaliar a situação sobre a continuidade de oferta de serviços públicos.

PETROLEIROS - Em apoio aos caminhoneiros, hoje trabalhadores da Recap (Refinaria de Capuava), em Mauá, e da Replan, em Paulínia, ambas bases do Sindipetro Unificado-SP (Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo), vão cruzar os braços. Segundo a FUP (Federação Única dos Petroleiros), a categoria é contra a política de reajuste diário do preço dos combustíveis imposta pela empresa.

Posto com gasolina gera fila em S.Bernardo

Exceção no Grande ABC, o posto de bandeira BR Petrobras, localizado na esquina das avenidas Lions e Senador Vergueiro, no Rudge Ramos, em São Bernardo, tinha gasolina ontem para a população abastecer os veículos. Segundo funcionários, os 45 mil litros que chegaram ao local foram transportados em caminhão próprio e escoltado por policiais para abastecimento de carros de funerária (ao menos sete), veículos da GCM (Guarda Civil Municipal), ambulâncias e outros carros a serviço do município. O restante foi disponibilizado à população.

Nas bombas havia apenas gasolina, vendida a R$ 4,99 o litro, com filas que chegaram a três quilômetros – o estacionamento improvisado alcançou a Igreja São João Batista. O combustível acabou no início da noite. Cerca de 1.200 veículos (entre motos e carros) foram abastecidos – o posto trabalhou com metade da capacidade de armazenamento.

Moradores de São Bernardo e de outras cidades da região aguardaram de três a quatro horas, em média. “Fiquei na fila por quatro horas para encher o tanque. Se antes gastava R$ 130, hoje a conta será mais alta: R$ 180”, calculou Felipe Acácio, 25 anos, de Diadema, motorista de Uber. “Antes da greve dos caminhoneiros levava cerca de nove horas para ganhar R$ 300, hoje levo apenas três horas para receber a mesma quantia. Muitas pessoas ficaram com seus carros em casa e aumentou muito a procura por Uber, táxi.”

O gerente financeiro Diego Lemes, 22, saiu de Diadema para abastecer. “O jeito foi perder a tarde de domingo na fila já que preciso ir trabalhar amanhã (hoje) no Tatuapé (Zona Leste da Capital). Foi sorte achar esse posto.” 




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