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O espectro que ronda as cidades

Aí a Cidade Luz foi tomada de sombra e de assombro...

Por Rodolfo de Souza
26/11/2015 | 07:00
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Aí a Cidade Luz foi tomada de sombra e de assombro. Seu brilho foi repentinamente ofuscado pela lágrima e pela indignação. Mais uma vez o ser humano protagonizou o grosseiro espetáculo que a matança indiscriminada oferece. E foi em meio ao calor e ao aconchego que a boa comida no bom restaurante oferecem que se deu o sinistro. O mesmo que também estendeu seus tentáculos e alcançou o coração das pessoas que viviam seus melhores momentos num show musical. E assim, insaciada, continuou a besta até chegar bem perto da torcida que se encontrava livre, leve e solta na descontração do futebol. É provável até que fosse o seu alvo.

Em partes diferentes da bela e prestigiada capital, enfim, a alegria se calou. Deu vez à tristeza de se saber vulnerável, tão frágil quanto qualquer vilarejo da África. O que fazer em momento de tamanha aflição? Fechar a porteira depois que parte da boiada se foi, talvez seja uma alternativa com vistas a proteger os que ficaram, boquiabertos.

Os líderes mundiais, diante da tragédia, se encheram de empáfia e manifestaram ao mundo seu repúdio, sua revolta e seu desejo incontido de colocar um ponto final na questão. Sabem, todavia, que de fácil a missão não tem nada. Aproveitarão, parece, um encontro que já estava marcado, lá naquela mesma cidade, para discutir um meio de frear o apetite voraz daquele que se alimenta fartamente do sofrimento alheio.

E, cientes de que o perigo ronda também o seu terreiro, os chefes de Estado mais bajulados do planeta tramam, amedrontados, contra o inimigo. Levam a mão em concha à boca, olham de soslaio e cochicham estratégia qualquer com a esperança de que venha a sobrepujar o poderio de fogo do outro.

Sabem, inclusive, que o ponto forte daquele reside no fato de não temer a morte, de se lançar a ela como prêmio por fazer verter o sangue do infiel.

É luta travada contra a ira do suicida armado até os dentes que, com certeza, espalhará o pânico pelo mundo, sobretudo, pelos lugares que já experimentaram a sua força. O que fazer e para onde correr são perguntas frequentes no seio das populações apavoradas.

Diga-se de passagem, uma ideia que muito poderia contribuir para dar um basta na contenda, diz respeito a investigação meticulosa que busque pistas do fornecedor de material bélico, que trabalhe para o tal. De fato seria um bom começo. Partindo, claro, do pressuposto de que haja um, em especial, uma vez que não é qualquer mercadinho de vila que dispõe do produto. Nem mesmo nos Estados Unidos, lugar onde se venera um bom artefato de fogo, é possível que exista tal empório.

Então, uma vez encontrado o malandro, seria cobrado dele satisfação pelos bons negócios que vem realizando, e que botam em xeque o destino de toda a civilização desta Terra de meu Deus.

Um tanto simplória, a sugestão tem aqui a finalidade de abrir os olhos da rapaziada que bate cabeça para resolver a questão. Além do que, tem tudo para dar certo a empreitada se levarmos em consideração que lá não é cá, onde bandido tem voz ativa, dita as regras e já pensa até em abrir loja para vender armas à polícia. Sabe? Angariar um extra, vendendo o excedente.

* Rodolfo de Souza nasceu e mora em Santo André. É professor e autor do blog cafeecronicas.wordpress.com

E-mail para esta coluna: souza.rodolfo@hotmail.com. 




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