Cultura & Lazer Titulo Filme
'Lula' em cena: no ápice da emoção

Produção de Fábio Barreto encena morte da mãe de Lula no Hospital Nossa Sra. de Fátima, em S.Caetano

Dojival Filho
26/01/2009 | 07:00
Compartilhar notícia


Um dos momentos mais emocionantes e dolorosos da vida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi encenado ontem no Hospital Nossa Senhora de Fátima, em São Caetano. Em clima de muita concentração por parte dos atores e discrição dos técnicos envolvidos, a equipe do filme Lula - O Filho do Brasil, longa do diretor Fábio Barreto previsto para estrear em 2010, esteve no local para gravar a sequência em que a mãe do presidente, Dona Lindu, é hospitalizada e morre em decorrência de um câncer no útero.

O fato ocorreu em maio de 1980, quando Lula tinha 34 anos e estava preso por liderar a greve dos metalúrgicos no Grande ABC. Na ocasião, ele foi autorizado a acompanhar o velório da mãe, que exerceu grande influência em sua formação.

A imprensa teve acesso negado ao set de filmagens, instalado no segundo andar da unidade hospitalar. Mas o Diário pôde conferir os bastidores da produção, orçada em cerca de R$ 16 milhões e baseada em livro homônimo de Denise Paraná. As gravações começaram 6h e seriam realizadas até as 17h. Apesar dos caminhões com equipamentos e da movimentação dos seguranças do filme, não houve registro de transtornos ou aglomerações no local.

PREPARAÇÃO - Responsável pela preparação do protagonista, Rui Ricardo Diaz, o renomado diretor teatral Sérgio Penna revelou detalhes sobre o processo de construção do personagem. "Durante dois meses, nosso foco foram as questões interiores, a subjetividade e as emoções do Lula. A aparência e o andar vieram depois. Hoje (ontem) gravamos o clímax do filme, a cena mais difícil, que é quando ele perde a mãe. Estamos falando de uma pessoa que se supera a cada momento", afirmou Penna, que também elogiou a performance de Gloria Pires, no papel de Dona Lindu.

Ainda segundo o preparador, Diaz, que engordou sete quilos e deixou crescer uma barba espessa, é um ator muito disciplinado. "Ele tem a personalidade, uma postura em cena e uma autoestima que, de certa maneira, o Lula também tem."

O ator não pôde conceder entrevista, mas, em um breve momento, dirigiu-se à sacada do hospital para relaxar, em um intervalo da gravação, pouco antes do almoço, que só foi servido por volta das 13h40. A semelhança entre Diaz e o presidente em seus tempos de liderança sindical é impressionante. "Vim aqui fora respirar um pouco justamente porque as cenas são muito pesadas", disse o artista.

Produção retrata com fidelidade período histórico

 Enquanto o ator Rui Ricardo Diaz procurava a melhor maneira de reproduzir os trejeitos e emoções do presidente Lula, e Glória Pires se preparava para interpretar o sofrimento de Dona Lindu, outros 80 profissionais cuidavam dos detalhes técnicos do filme. A escolha da roupa adequada para retratar cada período histórico narrado em Lula - O Filho do Brasil, que tem início em 1945 e termina em 1980, é tarefa da figurinista Cristina Camargo.

"Trabalhamos basicamente em cima das fotos da família do Lula e aquelas do sindicato que são clássicas e estão no livro da Denise", explicou Cristina, que já atuou em célebres produções do cinema nacional, entre elas Terra Estrangeira e Central do Brasil.

Ainda segundo a figurinista, o visual dos familiares e amigos de Lula na região agreste de Pernambuco foi inspirado nas imagens do Nordeste brasileiro que o fotógrafo e etnógrafo francês Pierre Verger registrou nos anos 1940 e 1950.

Figura fundamental nos bastidores de Lula - O Filho do Brasil, o diretor de produção Wellington Pingo disse que foram selecionadas cerca de 60 locações, em São Caetano, São Bernardo e Caetés (ex-distrito de Garanhuns, terra natal do presidente). "O livro da Denise Paraná é muito fiel à história do Lula. Também temos um material de arquivo muito bom, inclusive com muitas matérias do Diário", disse Pingo.

GRAVAÇÕES  - Na terça-feira, serão rodadas a cena do enterro da mãe do presidente no Cemitério Paulicéia, em São Bernardo. Nos dois dias seguintes, o cenário será o estádio 1º de Maio (antigo Estádio da Vila Euclides), onde ocorreram as históricas assembleias dos metalúrgicos no fim dos anos 1970.

A produção ainda precisa de figurantes e os interessados podem se inscrever no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (Rua João Basso, 231, São Bernardo), das 10h às 17h. Qualquer pessoa pode participar, mas homens entre 18 e 40 anos, com cabelo comprido e barba terão preferência




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;