Até domingo é possível ver no MAC (Museu de Arte Contemporânea) USP - Cidade Universitária 12 telas apreendidas pela Justiça em recentes operações de combate a crimes contra o sistema financeiro e de lavagem de dinheiro. Dentre elas, uma obra do importante concretista andreense Luiz Sacilotto (1924-2003) que ‘pertencia' ao narcotraficante Juan Carlos Abadía.

A ‘vítima' resgatada pela Operação Farrapos da Polícia Federal é Concreção 0251, têmpera acrílica sobre tela, 90 cm x 90 cm, de 2002. Abadía foi preso em agosto de 2007 apontado como chefe do maior cartel colombiano da atualidade e responde por mais de 300 assassinatos.

Por decisão do juiz Fausto De Sanctis da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, mais 11 telas de artistas como Joan Miró, Damien Hirst, Di Cavalcanti, Portinari, Arnaldo Ferrari, Fernando Vilela, Amélia Toledo e Marco Giannotti serão exibidas.

Elas estavam também em posse do empresário Naji Nahas e do banqueiro Edemar Cid Ferreira. Foi a partir do confisco dos bens deste último, sabidamente um colecionador de arte, que o MAC começou a receber em 2005 obras apreendidas.

Segundo Sérgio Miranda, assessor da instituição, ao museu "cabe atender à demanda judicial de guardar, conservar e mostrar as obras de arte transferidas para o acervo". O juiz De Sanctis não quis falar à reportagem.

Além de achar louvável a decisão do magistrado, Saulo di Tarso, coordenador da Casa do Olhar Luiz Sacilotto, em Santo André, que preserva parte do acervo do artista, acrescenta que tornar acessível arte ao público neste País é questão de justiça.

O filho de Sacilotto, Valter recebeu a boa notícia pela reportagem do Diário. "Fico contente de (a tela) sair da mão de alguém criminoso e estar em um lugar público. Valter lembra-se de ter visto várias obras de valor artístico nas imagens da mansão do narcotraficante exibidas pela TV. "Acho que reconheci uma Amélia Toledo". Ele acertou, confirma o MAC USP. A mostra fica na Rua da Reitoria, 360, tel.: 3091-3039, e tem entrada franca.