Economia Titulo
Viracopos: saída para a crise aérea
Leda Rosa
Do Diário do Grande ABC
16/04/2007 | 07:05
Compartilhar notícia


Transformar Viracopos, em Campinas, no maior aeroporto do País é porta de saída para a crise aérea que assola a aviação civil brasileira. Esta é a intenção da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), que aprovou na última sexta-feira um novo plano diretor executivo. A intenção é tornar o terminal compatível com o crescimento do setor até 2027, além de consolidar o local – a 99 quilômetros da Capital – como eixo da malha aérea nacional no transporte de passageiros e carga.

Os números, aos quais o Diário teve acesso com exclusividade, impressionam.

Os cerca de 30 técnicos da superintendência da Regional Sudeste foram fisgados pela idéia de dotar o terminal de uma terceira pista. Até então, estava definida apenas a construção da segunda, orçada em R$ 201 milhões. Em andamento, a primeira parte da ampliação – com a desapropriação de 3 km² no entorno de Viracopos – vai custar R$ 33 milhões.

Em duas décadas, com as três pistas e terminais, Viracopos passaria da atual capacidade de 860 mil passageiros/ano para 83 milhões. Tal volume o colocaria no patamar de Atlanta (Hartsfield-Jackson) e Chicago (O’Hare), aeroportos americanos que detêm atualmente o maior fluxo mundial de passageiros. Por ano, os 67 aeroportos do Brasil são usados por 100 milhões de pessoas.

No setor cargueiro – grande vocação de Viracopos –, a ambição não é menor. Com as mudanças, o valor bruto da tonelagem (importação e exportação) saltaria de 200 mil toneladas por ano para um total de 3 milhões de toneladas.

Para facilitar o acesso, tanto de carga como de passageiros, o novo plano diretor retoma o projeto de ramais ferroviários que seriam interligados com Campinas e a Capital.

A empresa Planaway assina o plano diretor que agora será levado à presidência da Infraero, em Brasília. Caso seja aprovado, será aberta a licitação para contratar o projeto do aeroporto, por volta do final de 2007.

A ampliação do sítio aeroportuário seria significativa, saltando dos atuais 8 km² para 30 km². O aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos, tem 14 km².

Outro ponto inovador do trabalho é a valorização das áreas verdes já presentes nas áreas que serão incorporadas pela obra. O estudo contempla a preservação ambiental, através da manutenção de dezenas de nichos de mata no sítio aeroportuário.

“As decisões que tomamos nesta reunião deveriam ter sido tomadas há 20 anos. O plano anterior não contemplava o futuro”, diz Edgard Brandão Júnior, superintendente da regional Sudeste da Infraero. Entusiasta de Viracopos, o executivo rejeitou os 11 planos anteriormente apresentados por não contemplarem o potencial do terminal aeroportuário.

Tanta grandeza não vai sair barato. A empresa afirma que ainda não possui cálculos iniciais. “Não temos esta avaliação”, diz Brandão Júnior. No entanto, um indicativo interessante é o custo, já aprovado, do terceiro terminal de passageiros em Guarulhos: R$ 1 bilhão, sem contar o trabalho nas pistas.

TRIBUNAL DE CONTAS
Se ganhar sinal verde da presidência da Infraero, o plano ainda terá pela frente uma longa jornada de trâmites legais até que possa fazer Viracopos um canteiro de obras. Caso tudo caminhe a contento, as obras da segunda pista e do segundo terminal começariam entre 2009 e 2010.

A julgar pelos desempenhos anteriores, o percurso não promete ser fácil. Há um mês, o TCU (Tribunal de Contas da União) trouxe a público os resultados de uma auditoria preliminar na qual foram levantados indícios de superfaturamento na licitação da reforma da pista auxiliar do aeroporto de Congonhas. Foram apontadas, inicialmente, 12 falhas no plano básico de obras.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;