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Black Friday deve movimentar R$ 55,5 mi no Grande ABC

Aumento de 26,13% na estimativa é ocasionado pela maior aderência do consumidor à data

Por Flavia Kurotori
Especial para o Diário
04/11/2018 | 07:10
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André Henriques/DGABC


Os moradores das sete cidades devem desembolsar, na Black Friday deste ano, que será no dia 23, R$ 55,5 milhões. A quantia é 26,13% maior do em 2017, quando a estimativa foi de R$ 44 milhões. O otimismo é justificado pelo número de adeptos à data, que aumenta anualmente, além da maior confiança da população para voltar a consumir. O levantamento é do site BlackFriday.com.br, idealizador do evento no Brasil, e foi cedido com exclusividade ao Diário.

“A data está entrando no calendário dos consumidores, que, agora, aguardam por ela. Isso acontece principalmente porque o número de descontos falsos, que eram comuns no início, reduz todos os anos”, observa Ricardo Bove, diretor da plataforma. No ano passado, para se ter ideia, o Procon-SP registrou 379 reclamações. Dessas, 116 (31,61%) foram referentes à maquiagem do desconto, que é quando o abatimento oferecido sobre o preço não é real.

Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, avalia que as pessoas estão mais confiantes e dispostas a gastar pois a economia dá sinais de melhora, sobretudo na criação de empregos, mesmo que informais. Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), em setembro, o saldo de trabalhadores na região foi o melhor desde 2013, com a contratação de 2.024 pessoas.

No Brasil, a Black Friday deve movimentar R$ 2,5 bilhões, 19% mais do que em 2017 (R$ 2,2 bilhões). Em relação ao percentual de crescimento regional ser maior do que o nacional, Bovo afirma que, embora as empresas tenham sofrido o baque da crise, “a região tem mais capacidade de manter o consumo do que no País”. 

“A massa salarial do Grande ABC é maior do que a brasileira (no caso dos metalúrgicos, por exemplo, a média é quase 75% maior do que no País)”, completa Balistiero.

Por esse motivo, inclusive, São Bernardo e Santo André estão entre as 20 cidades – na 12ª e 17ª posições, respectivamente – com maior despesa no evento. Ao mesmo tempo, São Caetano, Diadema e Mauá ocupam as 87ª, 96ª e 99ª colocações, enquanto Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra estão em 339ª e 775ª.

Quanto aos principais produtos procurados, assim como nos anos anteriores, lideram smartphones (39%), TVs (26%) e eletroportáteis (26%), dado que são itens mais caros, cujos descontos são, monetariamente, maiores. Contudo, Bove destaca que outras categorias, como vestuário e cosméticos, ganham espaço desde 2016. “Hoje, temos promoções em quase todas as categorias, como cursos e, até mesmo, para compra de dólar e serviços bancários.”

Vale lembrar que a ação, que em português significa Sexta-feira Negra, chegou no País em 2010. No Estados Unidos, a data representa a maior liquidação do ano, sempre no dia seguinte à Ação de Graças, quando os comerciantes esvaziam o estoque para receber a mercadoria do Natal. “Por aqui, ainda está longe de significar o que significa nos Estados Unidos, mas o evento está ganhando muita importância”, pondera Balistiero.

Bove pontua que, caso o País não estivesse em momento de recuperação econômica, o incremento das vendas seria maior. “Porém, o evento colabora para sair da crise, pois ajuda a economia a girar”, diz.

PROJEÇÃO

Ainda que o evento não seja uma das principais datas para o comércio de rua das sete cidades, Pedro Cia Júnior, presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), projeta alta de 15% nas vendas deste ano, se comparado a 2017. “Os comerciantes estão aderindo ano a ano conforme começam a entender os propósitos da data”, salienta. Na Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), a estimativa é de alta de 6%.

Uma preocupação dos varejistas é que os preços da Sexta-feira Negra atrapalhem o desempenho de dezembro, dado que os consumidores aproveitam os descontos para adiantar as compras de fim de ano. “É oportunidade para os comerciantes mudarem o comportamento e começarem a conceder descontos nas compras de Natal também”, orienta Cia Júnior.

Pesquisa antecipada pode evitar fraudes

Segundo Lívia Coelho, advogada e representante da Proteste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, o comprador deve, desde já, iniciar pesquisa de preços dos produtos que almeja adquirir na Black Friday. “Muitas vezes, o estabelecimento sobe o valor alguns dias antes da Black Friday para, no dia, parecer que está dando bons descontos”. A especialista orienta que a pessoa tire foto dos anúncios para que, caso isso aconteça, tenha base para denunciar o local por publicidade enganosa.

A entidade conta com o site www.maisbarato.proteste.org.br, que reúne preço de produtos das principais redes varejistas. Na plataforma, o consumidor pode pesquisar o item de interesse para saber qual loja conta com o menor valor ou maior desconto.

Para compras pela internet, o cliente tem até sete dias para desistir do negócio. “Porém, quando o item é adquirido na loja física, o consumidor não tem direito à devolução e a troca não é obrigatória, exceto em caso de vício ou defeito”, afirma Lívia. “Nessas situações (vício ou defeito), se possível, o produto pode ser reparado, no prazo de 30 dias, ou ter o valor proporcional abatido da compra.”

Em relação ao prazo de troca para produtos defeituosos, Lívia assegura que é de, no máximo, 30 dias. Entretanto, para objetos considerados essenciais, como geladeira, fogão e celular, a substituição deve ser imediata. Se o consumidor sentir-se lesado, é possível acionar os órgãos de defesa do consumidor.  




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