Economia Titulo Mudança
Padrão de tomadas se torna realidade
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
01/11/2009 | 07:09
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A profusão de modelos de plugues e tomadas existente no mercado brasileiro deixará em breve de existir. Definido pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e com calendário para entrar gradualmente na vida dos consumidores até 2011, o padrão brasileiro de produtos desse tipo já começa a se tornar realidade.

Por conta da regulamentação fixada pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia), a padronização já reduziu as opções em estoque nas lojas de material de construção. Isso porque desde o início do ano fabricantes desses itens só podem produzir modelos definidos na nova norma.

O gerente de marketing do grupo Legrand (dona da marca Pial), Antonio Eduardo de Souza, lembra que esse processo se deu aos poucos. Em 2007, foram mudados os plugues de dois pinos desmontáveis; em 2008, as tomadas móveis; e neste ano, todos os itens tiveram de ser adaptados.

O grupo investiu cerca de R$ 5 milhões para mudar ferramental e processos produtivos. Mas Souza cita vantagens para a empresa e para os consumidores, como a simplificação na quantidade. "Antes havia 15 modelos, agora são só dois", afirma.

Transformação semelhante ocorreu na Alumbra, de São Bernardo. Segundo o diretor, Cláudio Barberini Júnior, os gastos com as alterações na linha de produção deverão ser diluídos ao longo do tempo. "O impacto maior será para o consumidor", avalia.

Geraldo Nawa, analista de normas técnicas da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), concorda. "Os fabricantes (de plugues) já fizeram a adaptação". Mas o analista também destaca benefícios para a população: redução de riscos de acidentes (as novas tomadas têm cavidade onde ficam os orifícios, para melhorar o encaixe) e possibilidade de economia de energia, já que aparelhos que consomem mais (de maior amperagem) terão plugues com pinos maiores e só vão conectar nas tomadas apropriadas - com orifício de 0,48 mm.

Aparelhos - Outro prazo vence em breve: indústrias de eletroeletrônicos só poderão fabricar aparelhos (como TVs, geladeiras, micro-ondas etc) com os plugues antigos até o fim deste ano. A partir de janeiro, poderão comercializar apenas os equipamentos com os rabichos (os fios com a conexão à rede eletrica) antigos em estoque.

Para o coordenador técnico da Eletros (Associação Brasileira de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), Luiz Zanardi, o fato de se ter um plugue ou outro não altera os aparelhos. Para ele, o processo é salutar e não se dará de uma hora para outra. "Na Inglaterra, a mudança de padrão levou 20 anos", observa.

Zanardi cita ainda que, nessa fase de transição, é possível utilizar adaptadores certificados pelo Inmetro. Mas, segundo ele, a recomendação é, sempre que possível, trocar a tomada.

Adaptação pode gerar gastos a consumidores
Apesar de a nova norma da ABNT ter como preocupação central a segurança, a mudança pode gerar gastos e dar ‘dores de cabeça' para os consumidores - já que será preciso, em breve, adquirir adaptadores ou trocar as tomadas das residências para ligar aparelhos novos.

O professor de engenharia elétrica da FEI, de São Bernardo, Reinaldo Lopes faz críticas, mas elogia a padronização, já adotada em diversos países (em cada um de forma diferente). "Não tinhamos um padrão, convivíamos com mais de dez tipos".

Um dos problemas é na hora da compra: tomadas para aparelhos de maior potência (geladeiras, secador de cabelos etc) têm orifícios maiores e não conectam outros equipamentos. Os consumidores também precisam se conscientizar, segundo Lopes, da importância de aterrar suas casas, ou seja, colocar o fio terra. "As pessoas não se dão conta. É importante consultar um especialista", explica.

O professor da FEI assinala ainda que haverá incentivo à indústria do adaptador (conhecido também como benjamim). Lojas de material de construção já verificam o aumento da procura por esse item. Para o vendedor Luis Fernando Minhoto, da Loja Eletrotel, de Santo André, isso já ocorre, pois as opções de tomada começam a escassear.

A Loja Incor Comercial, que atende construtoras, relata que a venda da linha de tomadas cresceu 25% neste ano, devido às novas obras.

Há lojistas que projetam perdas. Vinicius Pinezi, da Casa Pinezi, de São Caetano, afirma que, como a variedade de tomadas é grande, poderá haver encalhe de peças.




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