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Shoppings registram pior desempenho desde 2004

Faturamento cresceu apenas 2,5% e só não zerou por causa da abertura de 16.552 novas lojas em 2013

Andréa Ciaffone
Do Diário do Grande ABC
27/12/2013 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 Nunca antes na história deste País tantos shoppings centers foram inaugurados como em 2013. Ao todo, foram 38 novos empreendimentos Brasil afora. No Grande ABC, houve duas aberturas no fim de outubro: o Golden Square, em São Bernardo, no dia 22, e o Atrium, em Santo André, no dia 29 do mesmo mês. Em escala nacional, os lançamentos se traduzem na chegada de 16.552 lojas.

“Graças à abertura destes empreendimentos, o setor pode registrar discreto crescimento real de cerca de 2,2% neste ano. Se considerarmos as mesmas lojas, veremos que não houve evolução, ou até que ela seria negativa em alguns setores”, afirma Nabil Sahyoun, presidente da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping), que admite que esse foi o pior desempenho do setor desde 2004 e bem diferente de 2012, quando o crescimento real foi de 14,2%.

Segundo a entidade, o setor deve faturar R$ 132,8 bilhões em 2013. Em relação a 2012, o crescimento nominal foi de 7,9%. Mas, se a inflação, estimada em 5,7% para o ano, for considerada, o aumento real fica em 2,2%. “Foi um ano em que as pessoas só fizeram a reposição dos produtos que necessitavam”, observa o diretor de relações institucionais da Alshop, Luís Augusto Ildefonso da Silva.

Em relação ao movimento do varejo no fim de ano, a entidade identificou incremento de 5% ante o Natal de 2012, também baseado principalmente no aumento do número de lojas. “O consumidor esteve mais retraído neste ano”, observa Sahyoun. “Prova disso foi a queda do tíquete médio em cerca de 10%”, completa. Nos shoppings populares, a Alshop estima gastos entre R$ 35 e R$ 55 e, nos empreendimentos voltados à classe média e média-alta, de R$ 75 a R$ 125.

 

JUSTIFICATIVAS - Na visão dos especialistas da Alshop, as razões para o resultado são diversas. A primeira citada foi o maior endividamento das famílias, associado ao aumento de juros. A dificuldade de obtenção de crédito, especialmente por camadas sociais de menor poder aquisitivo, provocou a desaceleração. A alta da inflação atuou como inibidora e gerou menor propensão ao consumo. “As pessoas têm a sensação de preço alto e preferem evitar comprar”, diz Sahyoun.

A elevação do dólar também foi vilã porque gerou aumento de preços em vários segmentos do varejo. Entretanto, a despeito da alta da moeda norte-americana, muitos viajaram para o Exterior e fizeram suas compras a preços menores do que os praticados no Brasil, o que também prejudicou as vendas, especialmente de roupas e acessórios. Esse fenômeno se explica porque a carga tributária aqui torna os preços menos competitivos em relação ao comércio de outros países, especialmente os Estados Unidos.

A redução dos incentivos do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) também desestimulou as pessoas. “Além disso, vários desses produtos (eletrodomésticos, carros ou móveis) foram comprados recentemente, há dois ou três anos, e agora só terão reposições pontuais”, observa o presidente da Alshop.

Para completar, houve as manifestações (e os arrastões) de junho, que reduziram a confiança dos consumidores.

Vendas pela internet crescem 41% no Natal ante a data em 2012

O desempenho do comércio eletrônico foi além das expectativas no período natalino. De acordo com a E-bit, empresa especializada em informações do comércio eletrônico, as vendas do setor somaram R$ 4,3 bilhões durante o período entre 15 de novembro e 24 de dezembro. O montante representa crescimento nominal (sem descontar a inflação) de 41% em relação a 2012. A previsão inicial era de que o e-commerce crescesse 25% em relação à data no ano passado.

A previsão se justifica. No primeiro semestre de 2013, os pedidos via internet cresceram 20% em volume e 24% em valores em relação ao mesmo período de 2012. Entre janeiro e junho, 3,98 milhões de pessoas fizeram sua primeira compra on-line. A categoria de produtos mais vendida em 2013 foi a de moda e acessórios, com 13,7% dos pedidos.

A Black Friday, no dia 29 de novembro, contribuiu para elevar os números do período. Na ocasião, o varejo na web movimentou R$ 770 milhões, quebrando todos os recordes de faturamento em um único dia. Segundo Pedro Guasti, diretor geral da E-bit, os consumidores aproveitaram para antecipar a compra dos presentes.




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