O especialista em restauro Julio de Moraes vistoriou ontem as obras no Cine Teatro Carlos Gomes, na região central de Santo André. Parada desde o dia 5, após acordo entre o Ministério Público e a Prefeitura, a reforma é motivo de controvérsia por ter sido executada sem autorização e acompanhamento do Comdephaapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André).

Segundo Moraes, do ponto de vista do bem cultural, o cine teatro pode ser recuperado. "Não observei ali nenhum erro que comprometa a autenticidade e representatividade do teatro para o município. Se a estrela foi removida, deverá ser restaurada e recolocada no local. Se a pintura estava gasta, terá de ser refeita como era antes. O que não dá é deixar a obra parada, pois ela pode se deteriorar", opinou.

Sobre a demolição da fachada, o restaurador explicou se tratar de medida arquitetônica e, por isso, não poderia falar com propriedade. "Mas a fachada já estava descaracterizada, portanto, o que vale aqui é a estrutura do prédio. Se precisava reformar a laje, então a demolição tinha de ser feita", explicou.

Moraes deve agora produzir relatório para ser apresentado ao promotor de Meio Ambiente Fábio Luiz Rossi, responsável pelas investigações em relação à reforma, iniciada em dezembro.

OUTRO LADO

O movimento SOS Carlos Gomes não concorda com a avaliação do restaurador. O grupo afirma que Moraes foi indicado pelo arquiteto responsável pela obra e, dessa forma, não adotou posição neutra em relação ao patrimônio.

Em reunião realizada ontem, o movimento definiu ainda a data e programação para o ato artístico a favor do cine teatro, que será realizado no dia 28, a partir das 11h, no entorno do Carlos Gomes.