Após ser adiada por duas vezes, a reintegração de posse de 46 imóveis no Jardim Santo André, na cidade, ocorreu ontem. Vinte e nove moradias e 17 comércios foram desapropriados nas ruas dos Missionários, Dominicanos e Toledanos. Outros 22 haviam sido desocupados espontaneamente. A ação foi pacífica e faz parte do projeto de urbanização do bairro, sob responsabilidade da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano), com investimento de R$ 400 milhões do Estado.

A Polícia Militar acompanhou a operação com 150 homens e apoio tático do helicóptero Águia. Os moradores já haviam sido comunicados sobre a demolição. As famílias que foram cadastradas em 2009 pela CDHU recebem o auxílio moradia de R$ 380. Comércios não têm direito ao benefício.

Vanessa Aparecida de Melo, 32 anos, morava com o marido e cinco filhos em uma das casas desocupadas. Eles recebem o auxílio moradia, mas estão desempregados. "Conseguimos uma casa em Mauá, com um aluguel de R$ 350. Sobra R$ 30 para água e luz. Vou ter que tirar do bolso, mas não sei como."

Outra família que também estava arrumando as coisas para deixar a Rua dos Missionários era a da dona de casa Elisangela Rufino de Melo, 32. Eles, no entanto, não estão cadastrados na CDHU e não receberão o benefício. Farão cadastro no CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) Vila Luzita para verificar em qual programa social podem se encaixar. "Meu marido é catador de papel e ganha R$ 60 por dia. Dinheiro que a gente usa para comer, não temos como pagar aluguel", disse Elisangela, que é mãe de quatro crianças.

Ao todo, a CDHU anunciou a remoção de 357 imóveis. Agora, faltam 250. A companhia pretende concluir a reintegração em etapas, até dezembro.