Considerada uma das regiões que melhor discute integradamente seus problemas viários, o Grande ABC deve concentrar seus esforços para melhorar as vias que fazem as ligações entre as sete cidades da região, já que a maioria das locomoções são feitas dentro dos próprios municípios. Essa é a opinião da assessora técnica da ANTP (Agência Nacional de Transportes Públicos) Valeska Peres Pinto. Por outro lado, a economia regional depende em grande parte da ligação viária entre a região e a capital e outras cidades. Por isso, na próxima quarta-feira, o secretário estadual dos Transportes, Dario Rais Lopes, vem ao Consórcio Intermunicipal discutir projeto e verbas para a obra que, junto com a construção do trecho Sul do Rodoanel e suas extensões pela região, é considerada a mais importante para a região: a extensão da avenida Jacu-Pêssego, chamada pelos técnicos de ABC-Guarulhos.

Na avaliação de Valeska, o Grande ABC tem os mesmos problemas de transporte que as grandes cidades do país, mas não está desassistida. “O deslocamento dos moradores do Grande ABC se concentra entre as próprias cidades da região. Então as prefeituras devem se preocupar mais com as ligações internas e investir no transporte coletivo.”

Entre as melhorias regionais no sistema viário da região que são discutidas estão obras como um viaduto sobre a estação ferroviária de Capuava, em Mauá, a construção da ABC-Guarulhos, que ligará o Porto de Santos com o Aeroporto de Guarulhos, a extensão do trecho Sul do Rodoanel até a avenida Papa João XXIII, em Mauá, e um viaduto que ligará as avenidas dos Estados e Guido Aliberti, em São Caetano. “O sistema de tráfego do Grande ABC ainda é muito melhor do que o de São Paulo”, disse o assessor técnico do Consórcio, Renato Maués.

As intervenções viárias previstas, somadas a mudanças no sistema de transporte coletivo, têm como principal objetivo melhorar a qualidade de vida e baratear custos para as empresas. A construção da ABC-Guarulhos colocará a região em uma posição estratégica para logística de transporte. “A maioria dos empresários aponta a logística como fator determinante para a localização da empresa e a otimização desse sistema inclui o Ferroanel, que melhorará o transporte de carga e possibilitará a transformação do sistema da linha D da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), que passa pela região, em metrô”, disse Maués.

Vizinho – Em São Bernardo, onde a Prefeitura negocia um empréstimo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para 25 projetos viários, o assessor da Secretaria de Administração, Erival Daré, afirmou que os impactos viários nos municípios vizinhos também são levados em consideração. “Não adianta fazer uma obra que crie outro problema. Se essa obra trará benefício para o município vizinho queremos saber que tipo de contrapartida essa cidade pode dar.”

O prefeito de Mauá, Oswaldo Dias, disse que a extensão da Jacu-Pêssego pode antecipar a ligação Leste do Rodoanel. “Em Mauá, definimos as prioridades pensando na expansão dos bairros como nas regiões dos jardins Zaíra e Itapeva, por exemplo, em que achamos importante preservar as marginais.”

As prioridades de intervenções municipais também levam em conta a importância para a região. Em Santo André, enquanto avenidas como a Lauro Gomes e a Professor Luiz Inácio de Anhaia Melo esperam por manutenção, a avenida dos Estados foi recuperada, incluindo investimento nas encostas do rio Tamanduateí. “Temos de levar em consideração a importância da via. Além disso, temos um cadastro das condições das nossas vias públicas que determinam a necessidade de intervenção”, disse a secretária de Serviços Municipais, Miriam Blois.