Artigo

As escutas da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, reveladas nos últimos dias, além de demonstrar a promiscuidade de políticos e administradores com Carlinhos Cachoeira - o ‘rei' da contravenção e dos crimes de propina, tráfico de influência e superfaturamento de obras e serviços públicos - coloca a claro o real sistema de financiamento das campanhas eleitorais. Em praticamente todos os Estados e municípios existem rumores de que empreiteiros de obras, pavimentadoras e fornecedores (inclusive os da merenda escolar) custeiam os candidatos que, eleitos, tornam-se seus reféns e cometem as mesmas ilegalidades flagradas nos grampos policiais em relação à Delta Construções e ao governo do Distrito Federal. O dinheiro para as campanhas, em vez de doação, configura a compra do ‘passaporte' para poderem participar do esquema de pilhagem do dinheiro público.

Há muito tempo, é voz corrente em toda parte que empresas ou empresários com grande volume de fornecimento ao poder público teriam construído casas e outras obras particulares para políticos em paralelo às obras públicas contratadas, contemplando administradores e servidores com veículos (até importados) e outras benesses cujo tamanho seria relativo à vantagem ilegal auferida em licitações viciadas, superfaturamento e outros crimes. É bem provável que parte desses ‘informes' seja mera invenção produzida entre adversários políticos, com finalidade eleitoreira. Mas tudo isso, mesmo que fruto da invencionice maldosa, merece reflexão e, conforme o caso, até apuração dos órgãos competentes. Além da severa fiscalização sobre o emprego das verbas públicas, há que se, por exemplo, não perder de vista a evolução patrimonial dos envolvidos e daqueles que os cercam.

Além de buscarem rigorosamente os envolvimentos tanto dos agentes públicos quanto dos outros citados na operação, espera-se que a CPI e o próprio governo se apressem na busca de um meio seguro, honesto e digno de custear as campanhas eleitorais. Os candidatos que, uma vez eleitos, exercerão o poder, não podem ser mantidos como presas dos esquemas fraudulentos que pagam a campanha para depois poderem roubar o cofre público. O povo precisa ter a certeza de que, ao votar, estará elegendo administradores públicos, não simples lacaios de esquemas que roubam o dinheiro destinado à Saúde, Educação, Saneamento e demais serviços públicos e essenciais.

Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente e dirigente da Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de S.Paulo.

PALAVRA DO LEITOR

Dificuldade

Quando o eleitor crava o seu voto para um determinado candidato, ele está confiando nesse político, e delegando amplos poderes para que o cidadão exerça o mandato de forma clara, transparente e que o mesmo não seja corrupto. Mas como é difícil para o eleitor, sobretudo o andreense, que já viu tantos malfeitos que acaba por não acreditar em nada, e em ninguém! O atual mandatário, em desespero de causa, tenta a qualquer custo limpar seu nome depois de escândalos no Semasa, nos desvios de verbas, nas propinas e outros imbróglios! Oxalá ele consiga. No momento a sua imagem é péssima e o seu mandato deixa muito a desejar. Cidadão e eleitor andreense, esta é a hora, não jogue o seu voto no lixo, senão irá pagar por mais quatro anos, totalmente indesejáveis para você e para toda a sociedade, principalmente da nossa amada Santo André.

Edson Rodrigues, Santo André

Ministro

O ex-ministro dos direitos humanos no governo Lula Paulo Vanucchi veio a Mauá para abertura do Fórum Social do Grande ABC. Casa cheia para recebê-lo, a plateia valia pontos para atividade complementar para os alunos da Fama e do EJA (Educação de Jovens e Adultos). O ministro perdeu a oportunidade de abordar profundamente o tema, desesperou-se e antecipou a campanha pró-Oswaldo. Disse que o Rodoanel é conquista do governo Oswaldo Dias. Não colou! Pois sabemos que o traçado é pré-definido. Respeite-nos, ex-ministro, não use nosso tempo com campanha.

Gecimar Evangelista, Mauá

Precatórios

A Prefeitura de Santo André, depois de 22 anos, enfim começou a pagar os precatórios! O que eu não entendo é o seguinte: disseram que pagariam primeiro os idosos e os com doenças graves. Até aí, tudo bem! Mas por que a Prefeitura está deixando os herdeiros para receberem por último? Por que está pagando o Semasa, o Hospital Beneficência Portuguesa, AES Etropaulo etc? Será que eles precisam mais do que os filhos dos que já morreram? Se cuida, Aidan, neste ano tem eleição, viu?

José Cardoso da Silva Filho, Rio Grande da Serra

Vizinhos

Quero me solidarizar com o leitor Fernando Martins, que falou da sua indignação e vergonha como cidadão andreense por este escândalo no Semasa (Pedido, dia 12). Por sorte, para nós, este escândalo veio à tona em ano eleitoral e às vésperas de eleição municipal. Sabe por quê? O nome do superintendente dessa autarquia e de um de seus assessores, supostamente, envolvidos diretamente e citados nessa vergonha, Ângelo Pavin e o Eugênio Voltarelli Júnior, respectivamente, são de São Caetano. Os dois são do mesmo grupo político de Paulo Pinheiro, que quer ser prefeito da nossa cidade. Pode uma coisa dessas? Dá para o senhor imaginar São Caetano, ou qualquer outra cidade, sendo administrada por prefeito que tem no seu grupo pessoas desse quilate? Nosso povo saberá dar a resposta a essa gente nas urnas, caso, óbvio, isso venha a ocorrer. Este tipo de gente tem de ser varrida não só da vida pública, mas do meio social em que vivemos. E parabéns a este Diário por este exemplo de jornalismo sério, responsável e independente.

Luiz Antonio de Carvalho, São Caetano

Vendedor

O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, está vendendo mais uma área da Prefeitura: desta vez a da Secretaria de Serviços Urbanos, na Avenida Caminho do Mar, para a Termomecânica. O bairro e seus moradores não merecem arcar com mais uma unidade dessa indústria. Por outro lado, a Prefeitura aluga dezenas de imóveis particulares a preços exorbitantes para acomodar unidades administrativas, de Saúde, Educação, finanças e outros. Onde está o Ministério Público para defender a população e o nosso direito à Saúde e qualidade de vida?

Maria Rosa do Nascimento, São Bernardo