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Softbol tem adeptas em Santo André
Do Diário do Grande ABC
27/12/2003 | 17:15
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O softbol – versão feminina do beisebol – ultrapassou os muros da colônia japonesa e passou a fazer parte do cotidiano de 40 meninas, de 7 a 14 anos, do Parque Gerassi, em Santo André. Mais do que praticar o esporte, as garotas aprendem um pouco da disciplina e cultura japonesa. O técnico Oswaldo Miyahira, 65 anos, responsável por levar o softbol até o bairro, se orgulha de ter um time formado só por brasileirinhas. O trabalho realizado por Miyahira é o único no Grande ABC.

O sorriso e a dedicação das garotas fazem com que o treinador esqueça das dificuldades financeiras para manter o Santo André Beisebol Clube, entidade responsável pelo treinamento das meninas. “Além de promover eventos para arrecadar fundos, muitas vezes tenho de tirar dinheiro do meu bolso para manter o clube em funcionamento”, disse.

O trabalho realizado pelo técnico ultrapassa os treinamentos. As garotas recebem noções de higiene e de alimentação. “Elas treinam das 7h até 16h. Muitas vezes vamos a outros locais para disputar torneios”, afirmou.

O trabalho começou há sete anos, quando Miyahira recebeu autorização da Prefeitura para usar um terreno, que até então era vazio e utilizado para desmanche de carros. “Treinava jogadores de origem japonesa que disputavam diversas categorias. Como em qualquer clube, os participantes pagam mensalidades”, disse o técnico.

A realidade do Santo André Beisebol Clube mudou quando Miyahira resolveu ensinar as garotas do bairro a jogar softbol. “Não foi fácil. As jogadoras não tinham a mesma disciplina das demais meninas e acabaram se chocando com as da colônia japonesa”, afirmou o treinador, que teve a ajuda da esposa Mari, 50 anos. “Tive de orientar as mães e as garotas quanto à importância da alimentação. Muitas vinham treinar e desmaiavam porque não tomavam o café da manhã”, afirmou Mari. Ela também transformou as mães em aliadas na arrecadação de fundos para o clube. “Quando fazemos algum evento, elas vêm nos ajudar. Perceberam que a prática do softbol é uma forma de tirá-las das ruas”, disse.

Brasileirinhas – A falta de incentivo e o cansaço não deixam que as brasileirinhas adotadas por Miyahira desistam do esporte. A estudante Daiane Vieira Ribeiro, 8 anos, luta contra as dores no corpo e as broncas que leva em casa para treinar. “Muitas vezes a minha mãe reclama, mas não deixo de treinar por causa disso”, afirmou. A também estudante Aline Aparecida dos Santos, 10 anos, é uma das grandes admiradoras do sensei (mestre). “Ele faz tudo por nós”, afirmou.

Uma das mais velhas jogadoras da equipe, Jéssica Cristina dos Santos Souza, 12 anos, considera Miyahira e Mari como sua segunda família. “Tem menina que fica com preguiça e não dá valor. Ele já deixou de ir a festas particulares para treinar. Todas devem retribuir porque ele é um pai”, disse.

Crescimento – Um dos sonhos de Miyahira é ampliar o número de crianças atendidas no Parque Gerassi. “Vários meninos pediram para que os ensinasse a jogar beisebol, mas não tenho condições de fazer isso porque sou sozinho”, disse. No último ano, a fiel escudeira Mari teve câncer e precisou se afastar do clube em virtude do tratamento. “Nem meus filhos têm mais condições de ajudar. Não queria que este trabalho morresse”, afirmou o técnico. Quem quiser auxiliar o Santo André Beisebol Clube pode telefonar para 4421-5710 ou 4990-8129.

Colaboraram Katiuscia Dias e Cláudia Midori




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