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Prótese de silicone dificulta exame de mama
Por Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
23/11/2004 | 09:12
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As mulheres que optarem por colocar próteses de silicone nos seios para elevar a auto-estima podem ficar tranqüilas: não há nenhum indício na literatura médica de que o material provoque câncer pura e simplesmente. No entanto, quem tem casos da doença na família deve pensar bem antes de decidir pelos implantes por motivos estéticos. Mastologistas, radiologistas e oncologistas ouvidos pelo Diário dizem que o silicone pode prejudicar o diagnóstico precoce da doença. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Mastologia, 65% dos casos de câncer de mama no Brasil recebem diagnóstico tardio, o que ocasiona o crescente número de óbitos, que atualmente chegam a 10 mil a cada 41 mil casos.

"Cerca de um terço da mama com implante não aparece na mamografia. Os tumores geralmente só aparecem quando são maiores de 2 centímetros e a prótese impede essa visão, o que diminui a segurança do diagnóstico por meio desse tipo de exame", afirmou o chefe de Departamento de Mastologia da Unifesp/EPM (Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina), Luiz Henrique Gebrim.

Já o cirurgião plástico de São Caetano Paulo Matsudo prefere ter calma com relação à afirmação. "É perigoso afirmar que a prótese atrapalha o diagnóstico. Antes de fazer a cirurgia, a paciente faz uma série de exames. E a partir do momento em que ela coloca os implantes, passa a fazer uma série de exames preventivos, inclusive a mamografia anual", afirmou o cirurgião. Na clínica de Matsudo, a prótese de silicone é a segunda cirurgia estética mais procurada, ficando atrás apenas da lipoaspiração.

A questão econômica também é importante nesse balanço silicone/diagnóstico. De acordo com o médico Rafael Kaliks, do Centro de Estudos e Pesquisas em Oncologia e Hematologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), como a mamografia por vezes não é suficiente para visualização da mama, torna-se necessário optar por exames com preços muito altos. "A ultrassonografia por exemplo, que é um exame complementar, é extremamente cara e não são todos os planos de saúde que cobrem a sua realização", afirmou o médico.

Para os radiologistas - médicos que realizam exames de imagem das mamas -, a dificuldade é prática. "A prótese espreme a glândula mamária. Temos de fazer manobras de posicionamento (da mama) para tentar tirar a prótese de junto do tecido mamário e visualizar direito. No caso de próteses mais antigas, o material que a envolve pode aderir ao tecido", disse o médico radiologista Flávio Mendes de Oliveira, do Hospital Estadual Mário Covas.

Mulheres - Para se precaver de qualquer problema futuro, a dentista Carolina Oliveira Nicolau, 26 anos, fez uma ultrassonografia, orientada pelo cirurgião plástico, antes de implantar 230 mililitros de silicone em cada seio, há cerca de dois anos. "Guardo até hoje para comparar com os próximos exames que eu tiver que fazer", afirmou ela, que resolveu fazer a cirurgia plástica após amamentar dois filhos. "O cirurgião plástico pediu que eu fizesse exames a cada dois anos para ver se está tudo bem."




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