Pelo menos metade dos trabalhadores das montadoras de veículos vai ficar sem as tradicionais férias coletivas de fim de ano. Com a demanda em alta, principalmente para cumprir contratos de exportação, mais de 50 mil funcionários, do total de 102 mil, foram convocados para o trabalho contínuo. A decisão arrasta para jornadas extras fabricantes de autopeças e de produtos químicos para garantir o abastecimento.

Das 200 empresas de autopeças da capital, Grande ABC e interior, só 9% darão férias coletivas neste ano, segundo pesquisa feita pelo Sindipeças (Sindicato Nacional dos Fabricantes de Autopeças). Nos anos anteriores, 90% das empresas suspendiam a produção nesse período de festas.

Nas empresas do ramo químico do Grande ABC, principalmente de segmentos de plásticos para a indústria automobilística e outros setores, cerca de 2 mil trabalhadores ficarão em casa por mais de dez dias entre Natal e Ano Novo, ante 10 mil em 2003, diz o presidente do Sindicato dos Químicos, Paulo Lage.

As montadoras não suspendiam férias de fim de ano desde 1988, calculam diretores do Sindicato dos Metalúrgicos. Na Mercedes-Benz, 2 mil funcionários vão trabalhar. Já outros 9 mil ficarão em casa apenas uma semana, período que será compensado pelo banco de horas.

A Scania vai dividir as férias de 30 dias dos 2,3 mil funcionários em dois períodos, metade em dezembro e metade em julho. Na GM, os 18 mil funcionários das três fábricas (São Caetano, São José dos Campos e Gravataí) vão parar entre 3 e 14 de janeiro. Eles ficavam em casa a partir de meados de dezembro.

Na Ford, de 8,7 mil funcionários, 5,5 mil vão trabalhar. Entra em férias o pessoal da unidade de automóveis em São Bernardo, por 10 dias. Já os da área de caminhões, da fábrica de Camaçari (BA) e de motores em Taubaté (SP) não param. Terão direito a férias regulares ao longo de 2005.

Os 16 mil funcionários da Volks na região e em Taubaté terão período normal de 10 dias de férias, mas os 3,4 mil que trabalham no Paraná terão jornada normal. A unidade que faz o Fox antecipou as férias para outubro. Na Bosch, 8,4 mil funcionários, de 11 mil, não terão férias. A Dana não dispensará os 4,5 mil empregados de suas unidades, fato que não ocorria há seis anos.