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Metalúrgico ameaça greve se não houver avanço em negociação
Eric Fujita e Frederico Rebello Nehme
Do Diário do Grande ABC
20/08/2005 | 08:05
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Os metalúrgicos de São Bernardo e Diadema ameaçam entrar em greve a partir da próxima semana se as negociações coletivas da categoria não avançarem. A decisão foi tomada sexta-feira à noite em assembléia no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT), segundo o presidente da entidade, José Lopez Feijóo.

As paralisações podem acontecer nas montadoras e empresas de autopeças, fundição, com data-base em setembro, e grupo 9 (máquinas, eletroeletrônicos e outros), com data-base em agosto. Os trabalhadores do grupo 10 (mecânica, funilaria, iluminação, estamparia e outros) ainda aguardarão a negociação do setor, que tem data-base em novembro.

O presidente da FEM (Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT), Adi dos Santos Lima, no entanto, foi mais ameno. Afirmou que o aviso de greve vale apenas para o Grupo 9. Teoricamente, a federação é uma instância superior ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, dentro da estrutura da CUT.

Em São Caetano, não há ameaça de greve, informou o presidente do sindicato dos metalúrgicos da cidade (filiado à Força Sindical), Aparecido Inácio da Silva, o Cidão.

As negociações com os sindicatos patronais - entre os quais Sinfavea (Sindicato Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Autopeças) - não evoluíram da maneira esperada, segundo Feijóo.

As conversas com o Sindipeças abordaram até agora apenas cláusulas sociais; no Grupo 9, a última oferta foi de recomposição da inflação mais um aumento real de 1,28%; no grupo Fundição, não houve proposta; e as montadoras ofereceram a recomposição da inflação mais um abono de 15% até o teto de R$ 5 mil. Todas as propostas realizadas foram negadas.

"Até agora não temos nenhuma oferta que possa ser aceita pelos trabalhadores. Aprovamos o aviso de greve e a palavra de ordem é: ou temos proposta, ou faremos paralisações", afirmou Feijóo.

Mais tranqüilo, Adi informou que o aviso de greve deverá ser encaminhado ao Grupo 9 na próxima segunda-feira para fazer um alerta aos empresários. No Grande ABC, esse segmento reúne aproximadamente 13 mil metalúrgicos.

"As negociações nesse setor estão muito travadas e a proposta é muito abaixo das nossas expectativas porque não atende às necessidades da categoria", lamentou Adi.

Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, acredita que ainda seja cedo para decretar greve. "É muito prematuro para se falar em greve. Ainda temos 'muita lenha para queimar' nas reuniões. É importante deixar a categoria mobilizada, mas ainda temos que avançar nas negociações", afirmou.

Ano anterior - Em 2004, metalúrgicos de autopeças, grupos 9, 10 e fundição realizaram "greves-pipoca" (paralisações pontuais de surpresa em setores determinados das indústrias) no Grande ABC, em empresas e datas diferentes. Os acordos fechados no ano passado, para todas as categorias do Estado de São Paulo, garantiram a reposição da inflação pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), mais aumento real de 4%.

Além dos reajustes (que ultrapassaram 10%, no caso das montadoras), os metalúrgicos conseguiram antecipar as datas-base do Grupo 9 para agosto e do grupo fundição para setembro. A negociação dos metalúrgicos em São Paulo é unificada, reunindo CUT e Força Sindical.




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