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Corrida eleitoral reúne pelotão de elite e milhares de anônimos
Leandro Laranjeira e Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
03/07/2006 | 07:50
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Começou a corrida eleitoral. A partir da próxima quinta-feira, todos os candidatos homologados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) iniciam oficialmente a caça aos votos dos eleitores. Assim como na prova de São Silvestre – tradicional corrida pedestre realizada nas ruas de São Paulo todo dia 31 de dezembro –, onde o pelotão de elite (seleto grupo de experientes corredores e favoritos ao título) larga na frente e rapidamente se distancia dos demais, na política o cenário não é diferente. Mas, também como na corrida, quem dá o molho para a competição eleitoral é o batalhão do povo, composto por milhares de candidatos que, mesmo sabendo que não têm nenhuma condição de brigar pela ponta, não abrem mão de participar da festa dos votos. Tal qual no esporte, os anônimos participantes da eleição querem um lugar ao sol, ou melhor, na carreira política. Alguns não entram apenas para competir: querem o voto do eleitor indeciso e sonham com a vitória em outubro. Desconhecimento e falta de dinheiro, porém, são os principais obstáculos.

O jornalista e publicitário Carlos Balladas (PCdoB de Santo André) participa pela primeira vez de uma eleição. Ele tentará uma vaga na Assembléia Legislativa. Apesar de demonstrar confiança na vitória, diz que vai buscar eleitores de uma maneira diferente. “Não estou simplesmente querendo o voto pelo voto e nem preocupado com o número total. A gente quer um voto ideológico, das pessoas que acham que as mudanças sociais devem continuar e avançar mais”, diz. Mas Balladas filosofa sobre o resultado das eleições: “Bumbum de criança, cabeça de juiz e urna eleitoral você não sabe o que esperar. Pode haver surpresas”.

Advogado e vice-presidente do PMDB de Mauá, Joselito Rodrigues de Paula – candidato a deputado federal – tentou se eleger vereador duas vezes no município. A última derrota, em 2004, ele atribuiu à “confusão” do eleitor. “Como tinha um candidato com nome parecido (Ozelito José Benedito, PSB, que garantiu cadeira), acabei sendo prejudicado. Tem gente que acha que fui eleito”, conta. Mesmo assim, reconhece a dificuldade em ser um anônimo no meio político. “Quem não tem mandato não tem muito espaço.”

Procurando gastar “o mínimo possível”, mas sem dizer valores, o comerciante Gino Bondi Neto (PAN-São Caetano) assegura que se elegerá deputado estadual. “Entrei para ganhar e defender os aposentados.” Anônimo assumido no Grande ABC, Bondi espera conseguir a maioria dos 40 mil votos almejados fora da região. “Sou de família tradicional de Assis, no Interior, e devo ter votos também em Marília, Presidente Prudente, Ourinhos e Cândido Mota. Lá o povo me conhece.”

Quem também demonstra confiança, apesar de admitir que seu rosto não é conhecido pela maioria da população do Grande ABC, é o professor universitário Antônio Carlos Nardini (PP-Santo André), candidato a deputado estadual. “Entrei para ganhar, porque sempre me envolvi na política.” Ele espera traduzir em votos sua relação no meio acadêmico da região, onde implantou o curso de Administração Hospitalar na Fundação Santo André. Filho do médico Radamés Nardini (que morreu em 1983), ajudou o pai a construir o hospital Nardini, em Mauá. Destoando dos demais candidatos-calouros, os gastos de Nardini deverão ser como de um veterano na política: R$ 2 milhões. “Serão 50% de recursos próprios e 50% captados de doações.” Ele também aposta que conquistará 40 mil votos. “Meu rosto é desconhecido, mas meu nome é muito conhecido. Preciso agora atrelar meu nome ao rosto.”

Apesar de ter sido homologado como candidato a deputado federal, o educador social Anderson Mangolin (Psol-São Bernardo) admite a dificuldade em conseguir se eleger. “A minha avaliação é que a gente não conseguirá ter muito voto, porque dificilmente conseguiremos arrecadar R$ 100 mil para fazer a campanha. Mesmo assim, não descarto a hipótese de vitória”, diz, confiante no desejo de renovação do eleitorado. Sua única experiência política foi ter sido conselheiro tutelar no município entre 1995 e 1998, mas nem de longe lembra o desafio das urnas.




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