D+ Titulo Arte
Hip hop na cabeça

Movimento não se resume a roupas estilosas e a passos de
dança descolados, e sim representa a alma da comunidade

Caroline Ropero
Especial para o Diário
13/11/2011 | 07:00
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Divulgação


Quem pensa que hip hop se resume a roupas estilosas e a passos descolados se engana. É muito mais do que isso. O movimento - que mistura quatro elementos: a arte dos DJs, MCs ou rappers, grafiteiros e b-boys e b-girls - já mudou a vida de muita gente e ainda faz a diferença nas comunidades.

Joyce Fernandes, 16 anos, de Diadema, que o diga. Depois que começou a fazer aulas de break na Casa do Hip Hop, no Centro Cultural Canhema, em Diadema, o tempo livre ficou mais agradável. Ao lado da amiga Carolina dos Santos, 16, aproveita as aula vagas na escola e os dias que o professor dispensa mais cedo para ensaiar os passos. "Já estou com o joelho todo zoado de tanto cair enquanto treino", explica Joyce.

A garota dança desde os 8 anos e chegou a fazer balé e capoeira, mas prefere a dança de rua por causa da liberdade para fazer os passos. "Balé é tudo muito certinho." Apesar de tímida, não tem vergonha de ensaiar quando está ao lado da melhor amiga. "Não vejo a hora de fazer os passos mais avançados e profissionais", conta Carolina, que já foi criticada pelos amigos por frequentar aulas de hip hop. "Eles dizem que é coisa de preto, mas nada disso importa. Participa quem tem vontade." E a b-girl está mais do que certa.

Quando o hip hop surgiu na periferia dos Estados Unidos, a maioria dos adeptos era negro e latino, por isso, a impressão de que brancos não podiam participar. No entanto, o movimento conquistou o mundo inteiro e não há restrições para quem quer fazer parte. O lema do hip hop é paz, união, amor e diversão, criado pelo DJ Afrika Bambaataa, considerado o padrinho da cultura. O artista fundou a Universal Zulu Nation, primeira organização que cuida dessa arte, em 12 de novembro de 1973 , no Bronx, em Nova York.

Tudo começou porque a violência no subúrbio era muito grande e afetava a juventude, que se dividia em gangues e brigava por território. A saída foi distrair a galera de outra forma. Uniram a música, dança, poesia e pintura que já existiam na periferia e, a partir de então, a batalha de gangues virou disputa artística. Foi assim que a cultura hip hop venceu as drogas e violência, e conquistou muita gente no mundo inteiro.

 

Movimento no Brasil - Na época em que os cabelos black power estavam na moda, os bailes no Chopapo e no Clube House, no Grande ABC, ajudaram o movimento a se fortalecer na região. Grupos de rap já agitavam o Paço Municipal de São Bernardo, em 1986. Em Santo André a moda era grafite. Até hoje, a Avenida Capitão Mario Toledo Camargo é uma das maiores artes grafitadas em muros. São cerca de 1.600 metros de extensão coloridos com sprays.

Mas o que deu o empurrãozinho mais importante para o movimento no País foi a implantação da Zulu Nation Brasil, em Diadema. Depois de comprar um disco de James Brown, King Nino Brown descobriu seu destino no hip hop. Em 1994, entrou em contato com a Universal Zulu Nation, de Nova York, e conseguiu fundar, em 2002, a sede nacional. A partir de então, a violência passou a ser combatida com arte nas comunidades nacionais. "Tudo começou a mudar com essa cultura", afirma o precursor do movimento.




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