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O adeus do pensador e guerreiro

Seraphim Moura de Oliveira Lana (Belo Horizonte, 12-10-1932 – 16-8-2020)

Ademir Medici
29/08/2020 | 07:00
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A notícia foi dada por Neusa Borges, amiga querida da Vila Baeta, sobrinha do craque Cocada: “O guerreiro Seraphim Moura faleceu por volta da meia-noite do domingo, na sua Belo Horizonte”. Guerreiro e pensador, dizemos nós.

Memória conheceu o bom Serafim quando da sua ação social nos anos 1980 na periferia de São Bernardo. Depois, pela mesma Neusa Borges, fomos revê-lo em 2014, quando Serafim se ajeitava num apartamento simples do Jardim Irajá.

Gravador ligado, registramos uma parte da sua memória, publicada em tópicos neste espaço por vários dias, com o logotipo idealizado por Agostinho Fratini, do Diário – ‘selo’ hoje revivido com saudades.

Seraphim Moura – ou simplesmente “Serafim, o pensador” – morou três anos no Chile. Estudou filosofia em Genebra. Concluiu teologia no Centro de Estudos dos Dominicanos em Toulouse. Deixou gravado: “Para escancarar mais o pensamento, conheci vários países. Para pensar um pouco universalmente, descobrir os valores de cada lugar”.

E foi assim, com essa carga de conhecimento e experiência adquirida, que Serafim chegou a São Bernardo. E foi morar numa favela.

Seraphim Moura parte aos 87 anos. Foi sepultado na segunda-feira no Cemitério Parque da Colina, em Belo Horizonte.

Lembranças do Núcleo 44
Depoimento: Seraphim Moura (*)

Descubro São Bernardo pelo Parque São Bernardo. 1979.

Queríamos urbanizar a favela. Não era só ter casa. Você mora onde você está. Então você respeita onde você mora.

Martin Heidegger, filósofo alemão (1882-1973), era quem dizia isso: se eu estou num ônibus, eu moro no ônibus. Eu não vou emporcalhar o ônibus. Se eu estou na rua, não vou emporcalhar a rua. Eu estou morando ali naquela hora. É o meu espaço. Devo respeitá-lo.

Em 1979, quando chegamos à favela do Parque São Bernardo, havia muitos eucaliptos em torno dos barracos. Caiam aqueles galhos em cima. Um drama. Conseguimos que os bombeiros viessem.

Com muito boa vontade, eles cortaram os galhos. Sem andaimes, não teríamos como resolver, sozinhos, o problema. Havia muito lixo nas ruas. Sempre em grupos, nunca sozinhos, recorremos à Prefeitura, que passou a fazer aqueles chiqueirinhos quadrados, onde o lixo era posto para posterior recolhimento.

Acho que o serviço público tem que servir à comunidade e ajudar a organizá-la, sempre em torno de valores, destacando saúde e educação.

O Núcleo 44 do Baeta era uma favela. Olha como tenho sorte. O pessoal queria urbanizar o espaço. Fomos ao secretário de Habitação de São Paulo, o Seixas.

– Você é o Serafim de Belo Horizonte?

– Sou.

– E não está lembrado de mim?

Naquele tempo o Seixas não tinha bigode nem era gordo. Muito simpático o Seixas. E na nossa juventude eu frequentava o movimento estudantil em Belo Horizonte e ele em São Paulo. Não foi sorte este reencontro?
(*) Trechos do depoimento de Seraphim Moura publicados aqui em Memória em abril de 2014.

O ritmo e o molho musical de Miltinho

Texto: Milton Parron

Milton Santos de Almeida, o cantor Miltinho (Rio de Janeiro, 1928-2014), participou do meu programa Balanço Geral, pela Rádio Bandeirantes, e deixou um rico depoimento.

Entre os anos 1940 e 1950 integrou os mais famosos grupos vocais e foi crooner de orquestras como a Tabajara, de Severino Araujo.

Em seguida, segue carreira solo, colecionando sucessos que perduram em nossa memória, entre os quais Mulher de 30, Lamento e Poema do Olhar.

Tonalidade vocal limitada, porém, uma afinação e um desempenho rítmico, que a moçada chama de molho, incomparáveis.

EM PAUTA – Rádio Bandeirantes AM (840) e FM (90,9) – A voz de Miltinho. Produção e apresentação: Milton Parron. Hoje, às 22h (ou logo após o futebol), com reprise amanhã, domingo, às 5h. Na internet: www.radiobandeirantes.com.br .

Em 29 de agosto de...

1960 – Fundada a Associação dos Funcionários Públicos de Diadema.

Hoje

- Dia Nacional de Combate ao Fumo
- Dia Nacional do Vaqueiro

Municípios Paulistas

-Hoje é o aniversário de Leme (elevado a município em 1895, quando se separa de Pirassununga) e Mineiros do Tietê (1898 – foi distrito de Brotas).
 

Diário há meio século

Sábado, 29 de agosto de 1970 – ano 13, edição 1321

Especial – Sebastião Faria de Queiroz: ele é o velho professor que assistiu São Bernardo a se tornar grande. Reportagem de Ana Regina, com fotos de Mário Otsubo.
Ana Regina entrevistou o professor Queiroz, já então velhinho, na sua casa, em Ribeirão Pires. Uma página inteira de memória, e a notícia de que o professor tinha um álbum de fotografias.
- Professor Queiroz lecionou em Piraporinha, no Grupo Escolar de São Bernardo e numa escola particular, a Dom Bosco.
- Havia estado pela primeira vez na Vila de São Bernardo em 1911.
- Reorganizou a Corporação Musical Carlos Gomes.
- Fundou, em 1937, o Centro de Cultura Humberto de Campos, que promovia bailes e encenava peças teatrais.
- Entre seus alunos, Bernardo Miele, que tornou-se arcebispo de Ribeirão Preto.
Nota da Memória – Amigos de São Bernardo e Ribeirão Pires: seria possível localizar o álbum de fotografias do velho professor?


Santos do Dia

- Sabina. Viveu no século III, em Roma


JOÃO BATISTA. O martírio no século I. A Igreja lembra hoje a morte santa de São João Batista, o precursor de Jesus Cristo
 




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