Economia Titulo
Vale paga em um dia a Selic de um ano
Fernando Bortolin
Do Diário do Grande ABC
27/01/2008 | 07:14
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Em março do ano passado foi a China que derrubou o mundo financeiro. Agora são os Estados Unidos. Em comum, nos dois casos, apenas uma coisa: a crise não é nossa, mas dos outros. Mas apesar disso a Bolsa cai, o dólar sobe, o juro aumenta e mais uma vez as pessoas se vêem atônitas, sem saber o que fazer.

O engraçado é que o problema americano afeta não só aqueles que têm dinheiro aplicado nos bancos e nas Bolsas de Valores, mas também aqueles que nem mesmo têm aplicações no sistema financeiro.

Isso se deve ao processo de globalização. A troca de mercadorias entre as nações (importação e exportação) e a realização de investimentos produtivos (multinacionais) e especulativos (nos mercados financeiros) faz com que todos estejamos num barco só. Os chineses espirram em Pequim e nós tomamos o remédio contra a gripe.

Exemplo: como explicar que uma ação como a da Vale do Rio Doce suba, num único dia, 11,38% – após ter desvalorizado 25% ao longo mês, – como aconteceu na última quinta-feira?

Esse rendimento é superior ao que está sendo pago aos investidores em títulos públicos do governo pelos próximos 12 meses, de 11,25%. Mas o que fazer nessas situações de total irracionalidade do sistema financeiro? A primeira coisa é dividir o joio do trigo.

A crise dos EUA pode sim desencadear uma crise sem precedentes na economia global. Mas internamente também temos um problema. A inflação, que sempre sobe no primeiro trimestre do ano, está ainda mais forte nesse início de 2008.

Lá fora, o risco é de recessão nos EUA. Por recessão entenda que os consumidores lá comprarão menos, as fábricas lá demitirão gente, os investimentos deles – em todo o mundo – serão revistos e isso paga o mundo de calça curta, com reflexos imediatos em toda a cadeia produtiva global.

Aqui dentro, o problema se chama aquecimento da demanda. Com crédito farto, os brasileiros aprenderam a consumir e a indústria local está com gargalos na produção. Quando faltam produtos, os preços sobem e a inflação mostra as caras.



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