Memória Titulo COLUNA
A voz de quem fez ‘O Cangaceiro'

Documento sonoro de 1952 registra para sempre os sonhos dos artistas que protagonizaram um dos mais premiados filmes brasileiros, produzido em São Bernardo

Por Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
18/01/2020 | 00:01
Compartilhar notícia


Num dos intervalos da gravação de “O Cangaceiro”, seus principais artistas foram entrevistados pela Rádio Bandeirantes. E aquele áudio foi localizado pelo jornalista Milton Parron. 

Corriqueira à época, a notícia hoje é uma preciosidade, tanto para o cinema brasileiro como para a Cia. Cinematográfica Vera Cruz e para a memória de São Bernardo, já que a obra foi aqui produzida, editada e distribuída.

Os principais nomes do filme foram reunidos pelo produtor, Lima Barreto, no escritório da Vera Cruz, à Rua Major Diogo, em São Paulo.

Astros e estrelas foram apresentados por Lima Barreto ao repórter da Band, José Carlos de Morais, o Tico-Tico: Milton Ribeiro, Vanja Orico, Marisa Prado, Dionísio Azevedo, Alberto Ruschel. O momento era de alegria e envolvente expectativa.

– Entusiasmado, Milton Ribeiro? – indaga Tico-Tico.

– Demais. O papel está de acordo com o meu temperamento.

Marisa Prado, nome artístico de Olga Costenaro, que foi tecelã de São Bernardo e datilógrafa da Vera Cruz, corrige o repórter.

– Este é o seu segundo filme.

– Não, o terceiro.

Marisa Prado havia encenado, antes de O Cangaceiro, Terra é Sempre Terra e Tico-Tico no Fubá.

Dos entrevistados, quem foi mais longe, profetizando o êxito de O Cangaceiro, foi Dionísio Azevedo:

– O Cangaceiro poderá significar para o cinema brasileiro o que Pérolas significou para o cinema mexicano. 

O galã Alberto Ruschel foi o último a falar:

– Teodoro, que represento, é o papel que eu sempre esperei fazer no cinema.

Naquele momento, numa sala em São Paulo, nem o diretor, nem os atores e atrizes, nem o repórter imaginavam que o filme O Cangaceiro superaria todas as expectativas.

PROPOSTA

Aquelas vozes emotivas podem e devem fazer parte da historiografia de São Bernardo e Grande ABC. Reuni-las. Difundi-las, é o que se propõe. Com a palavra os órgãos municipais de construção da memória.

TICO-TICO

Assim como Milton Parron na atualidade, José Carlos de Morais no passado veio várias vezes a São Bernardo e ao Grande ABC. Em 1963 ele cobriu a inauguração da Escola Técnica Industrial Lauro Gomes, a ETI, hoje Etec. 

Em 1964, na TV, Tico-Tico fazia um locutor diferenciado, sem os holofotes e cenários hollywoodianos de hoje. De pé, diante das câmeras, ele ia retirando dos bolsos, ora de um, ora de outro, pedacinhos de papel com as notícias do dia.

De repente, uma notícia traz a lista dos políticos cassados naquele dia pelo regime militar. Lauro Gomes estava na relação. O repórter passou os olhos pela lauda. Viu o nome de Lauro Gomes. Silenciou:

– Este não será mais cassado...

Era 20 de maio de 1964. Lauro Gomes, então prefeito de Santo André, acabara de falecer.

A única filha de Lampião e Maria Bonita. E a neta, jornalista e historiadora

Texto: Milton Parron

O último programa da trilogia sobre Lampião e Maria Bonita terá depoimentos de Dionísio Pereira da Silva, lúcido aos 106 anos de idade, contando como a cidade de Mossoró rechaçou o bando de Lampião e ainda por cima matou dois de seu grupo, Colchete e Jararaca.

Impressionante relato de Sila, mulher do cangaceiro José Sereno, contando como mataram um sujeito recém-integrado ao bando e que descobriram tratar-se de um informante da polícia.

Depoimentos também de Moreno, sua mulher Durvinha, Dadá e Aristéia, todos do bando de Lampião. 

Tenente Pompeu, que comandava uma das volantes que enfrentaram o grupo de cangaceiros, e, ainda, Antonio Vieira, que estava na volante comandada pelo tenente Bezerra na madrugada de 28 de julho de 1938, quando foram mortos 11 cangaceiros, entre eles Lampião e Maria Bonita, dão detalhes das ações que resultaram no cerco e no tiroteio onde morreram os 11.

Lampião e Maria Bonita tiveram uma única filha, Expedita Ferreira. 

Vera, neta de Lampião, jornalista e historiadora, pesquisa e divulga a saga do avô e do cangaço.

Diário há 30 anos

Quinta-feira, 18 de janeiro de 1990 – Ano 32, edição 7279

Manchete – Collor define os três ministros militares: general Carlos Tinoco Ribeiro Gomes (Exército), tenente-brigadeiro do ar Sócrates da Costa Monteiro (Aeronáutica) e almirante Mário César Flores (Marinha).

Memória – Prefeitura de São Caetano lança hoje, no gabinete do prefeito Luiz Tortorello, o nº 2 da revista Raízes.

Cultura & Lazer – Hoje, no Morumbi, a abertura do Hollywood Rock, com Bob Dylan e Gilberto Gil entre as atrações.

Em 18 de janeiro de...

1915 – Bernardino de Campos falece em São Paulo. Propagandista da República, ministro da Fazenda e duas vezes presidente do Estado de São Paulo. Conviveu com o senador Flaquer no Senado paulista.

1925 – Jogam em Santo André: Brasil local e São Caetano EC.

1940 – Fundada em Mauá a Indústria Metalúrgica Arte Nova, produtora de torneiras, com fábrica na Avenida Barão de Mauá.

Hoje

- Dia Internacional do Riso

Santas do dia

- Beatriz de Vicência

- Regina Prottmann

- Prisca ou Priscila

Municípios brasileiros

Celebram aniversários em 18 de janeiro:

- No Maranhão, Fortuna

- No Rio Grande do Sul, Herval

- No Rio de Janeiro, São Francisco de Itabapoana

Fonte:IBGE.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;