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O cajado do pastor

A morte de dom Jorge Marcos de Oliveira, há 30 anos, suscitou uma série de artigos no Diário, com manifestações de dom Claudio Hummes e de três jornalistas que com ele conviveram – e que hoje também partiram

Por Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
03/06/2019 | 07:00
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Escreveu dom Claudio:
Os três pontos que mais caracterizam a atuação de dom Jorge nos 35 anos em que viveu no Grande ABC foram:
1 – Sua firme solidariedade com os trabalhadores.
2 – Sua preocupação e ação em favor dos favelados e das crianças carentes.
3 – Seu amor pastoral por seus padres.

Escreveu o jornalista Benedito Bueno, com o título que usamos na Memória de hoje – ‘O cajado do pastor’:

Dom Jorge foi obrigado a submeter-se a humilhantes e intermináveis interrogatórios político-militares, numa verdadeira ‘via crucis’, onde o algoz principal era a ignorância dos que presidiam os inquéritos.

Em sua crônica costumeira no Diário, Guido Fidelis assinalou:

O golpe militar fazia vítimas. Dom Jorge estava no Exterior. Era um bispo polêmico, amigo das classes sofridas. No seu retorno, o medo diminuiu o grupo de amigos que Esteve em Santos para recepcioná-lo. Lá compareci, juntamente com o prefeito Fioravante Zampol, o vereador Bruno José Daniel e o advogado Cid Flaquer Scartezzi, hoje ministro do Tribunal de Recursos.

O jornalista José Marqueiz destacou o esforço de dom Jorge em deixar um legado por escrito:

Durante os últimos meses de sua vida, dom Jorge Marcos de Oliveira dedicou um pouco de seu escasso tempo para gravar suas memórias. Fechava a porta e a janela de seu pequeno escritório e começava a relembrar coisas de sua vida, que iriam servir para a conclusão do livro Dom Jorge, o Bispo dos Operários.

Ele meditava muito antes de falar. Em seu último depoimento, ele fala da primeira greve de trabalhadores em Santo André, do encontro com o então presidente Juscelino Kubitschek e do governador do Estado Jânio Quadros. Fala de Carlos Marighela, ressaltando: “Ele podia ser comunista, mas não era inimigo do Brasil”.

Por fim, o último artigo. Dom Jorge havia iniciado uma série no Diário. Publicara o primeiro. O segundo estava pronto. Foi encontrado e enviado ao jornal – ‘Notas sobre a Igreja Católica – II’:

A Igreja não tem tropas armadas, mas tem a palavra iluminada pelo espírito da verdade, que pede prestação de contas da verdade em toda a sua amplidão.

Os dois pólos da Igreja são Deus e o homem. Princípio e fim são o Senhor; pessoal e social é o homem.

Diário há 30 anos

Sábado, 3 de junho de 1989 – ano 32, edição 7082

Manchete – Grevistas depredam dez ônibus em Mauá
Grande ABC – Prefeituras vão à Justiça contra barragem móvel do Rio Tietê. A barragem móvel foi inaugurada em 21 de maio, pelo governador Orestes Quércia, e é responsável pelo despejo de 100% do esgoto da Grande São Paulo na Represa Billings.
Santo André – Vinte ambulantes que vendem cachorro-quente no Centro cercaram com carrinhos a porta onde mora o prefeito Celso Daniel, para pedir o fim do decreto que impede a presença dos marreteiros em ruas centrais.
Automobilismo – Carro zero aumenta 17,33%, mas a linha de montagem da Ford continua parada por falta de peças.
Cultura & Lazer – Cine-Teatro Martins Pena, de São Bernardo, faz ciclo com Woody Allen.
Em 3 de junho de...
1914 – Decreto estadual cria o I Grupo Escolar de Santo André, resultado da anexação de nove escolas isoladas. O prédio original do grupo, na Rua Senador Flaquer, é hoje sede do Museu Dr. Octaviano Gaiarsa.
1919 – Pelo Campeonato Paulista da Segunda Divisão da Apea (Associação Paulista de Esportes Atléticos), o Primeiro de Maio, de Santo André, venceu o União Fluminense por 2 a 1.
Rio, 2 – Espera-se que ainda este mês seja assinado acordo entre o ministro da Aviação e a firma Handley Page, para o estabelecimento do serviço postal aéreo entre São Paulo, Santos e Rio de Janeiro.
n Chega a São Paulo o primeiro número da Revista Nacional, publicação literária que acaba de surgir no Rio de Janeiro.
1984 – Manchete do Diário: Colapso financeiro ameaça São Bernardo e Diadema

Santo do dia

Clotilde (França, Lion, 475 – Tours, 544). 

Marcou a história política cristã da França. 

Empenhou-se nas obras religiosas, e ajudou na construção de igrejas e mosteiros.

Municípios brasileiros 

Celebram aniversários em 3 de junho:

Em Pernambuco, Água Preta.
Na Paraíba, Brejo dos Santos.
No Rio Grande do Sul, Campo Novo, Chapada, Colorado e São Luiz Gonzaga.
Em Minas Gerais, Capitão Enéas.
Em Alagoas, Piranhas.
No Mato Grosso do Sul, Porto Murtinho e Sonora.

Falecimentos

Santo André
Julia Bastos Ferreira, 99. Natural de Portugal. Residia no Parque das Nações, em Santo André. Dia 30. Memorial Jardim Santo André.
Ignez Motta de Oliveira, 96. Natural de Portugal. Residia na Vila Pires, em Santo André. Dia 30. Cemitério Gethsêmani, em São Paulo.

São Bernardo
Maria Alahyde Benevides, 91. Natural de Patu (RN). Residia na Vila São Pedro, em São Bernardo. Dia 25. Cemitério da Paulicéia.
Ida Carolina Seiler Mariano, 86. Natural de São Paulo (SP). Residia no bairro Planalto, em São Bernardo. Dia 24. Crematório Memorial de Santos (SP).

São Caetano
Josefa Maria de Sobral, 91. Natural de Altinho (PE). Residia no bairro Fundação, em São Caetano. Dia 29. Cemitério da Saudade, bairro Cerâmica.
Keiko Ganeko, 80. Natural do Japão. Residia no bairro Nova Gerty, em São Caetano. Dia 30. Cemitério São Pedro, Vila Alpina.

Diadema
Léa Guedes, 79. Natural de São Paulo (SP). Residia no Centro de Diadema. Dia 24. Cemitério Municipal.
Francisco Balerini, 78. Natural de Andirá (PR). Residia no Jardim Mombae, em Diadema. Dia 23. Cemitério da Paulicéia, em São Bernardo.

Mauá
Elena Ferreira da Silva, 92. Natural de Viçosa (AL). Residia no Jardim Itapeva, em Mauá. Dia 27. Cemitério Santa Lídia.
Maria Lizarti Pereira, 86. Natural de Penápolis (SP). Residia na Vila Assis Brasil, em Mauá. Dia 29. Cemitério Santa Lídia.

Ribeirão Pires
Omar da Silva Barbalho, 63. Natural de Gonzaga. Residia na Vila Roncon, em Ribeirão Pires. Autônomo. Dia 30, em Santo André. Cemitério São José.



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