Economia Titulo Caminhoneiros
Após greve, cesta básica sobe R$ 53,66

Alta de 9,45% eleva conjunto de alimentos a média de R$ 621,48 na região; frango dispara 38,8%

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
16/06/2018 | 07:30
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Agência Brasil


A greve dos caminhoneiros, que se estendeu do dia 21 de maio até 1º de junho, deixou sua marca nas prateleiras dos supermercados. A alta nos preços dos alimentos, resultada da paralisação, ainda pesa no bolso do consumidor quase duas semanas após o fim do ato. Conforme levantamento da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), a cesta básica, que custava na média de R$ 567,82 até a terceira semana de maio – na última do mês os técnicos não dispunham de combustível para fazer a pesquisa nos supermercados – no dia 11 de junho era vendida por R$ 621,48, ou seja, R$ 53,66 ou 9,45% mais.

A alta mais expressiva é vista no quilo do frango inteiro resfriado, de 38,8%, comercializado por valor médio de R$ 6,50, enquanto que, no mês passado, antes de a greve eclodir, saía por R$ 4,68 – R$ 1,82 menos.

De acordo com o coordenador do levantamento, o engenheiro agrônomo Fábio Vezzá De Benedetto, a oferta diminuiu porque muitos animais morreram, uma vez que a ração não chegou aos criadouros devido à paralisação. “Houve uma perda enorme de frango”, sentencia. Segundo ele, apesar de o ciclo de gestação do bicho ser curto, ainda vai demorar um tempo para que haja maior disponibilidade do alimento. “Levará em torno de um mês e meio”, diz. Ou seja, só em julho o preço deve recuar.

Outro alimento que também sofre impacto da greve é a cebola, vinda da Argentina, e que já refletia o dólar alto (ontem em R$ 3,73), tanto que, em maio, apresentava aumento de 50,6% em seu custo, em torno de R$ 5,36 o quilo. Agora, é vendido por R$ 5,84 – aumento de 8,95% ou R$ 0,48. “Entre o fim de um ano e o começo de outro, a cebola vem de São Paulo, então seu custo é bem menor. Depois, começa a vir de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o que já eleva um pouco o valor e, agora, da Argentina, o que complica mais, devido ao frete elevado. Somado à greve dos caminhoneiros, o preço disparou”, explica.

Além disso, o bulbo também passa por processo semelhante do feijão, por exemplo, em que em um ano o valor cai e desestimula produtores e, no outro, com o custo elevado, faz com que mais agricultores tornem-se adeptos à cultura. “No ano que vem deverá haver oferta enorme de cebola, devido à situação atual. Mas, em 2020, ninguém vai querer plantá-la.”

Quem for ao supermercado vai notar que o leite longa vida está sendo vendido a preço bastante salgado. De maio para cá, seu custo saltou 27,8%, de R$ 2,84 para R$ 3,63 – R$ 0,79 mais. Segundo De Benedetto, o valor do item vai na esteira do leite em pó, que é uma commodity, e varia conforme a cotação internacional, em alta por conta do câmbio. Somado a isso, tem-se o valor do frete, que aumentou, e o fato de o gasto do produtor estar maior devido ao tempo frio, que reduz a qualidade do pasto e faz com que seja preciso incrementar a alimentação da vaca com ração.

ALERTA - De acordo com o engenheiro agrônomo da Craisa, é possível que o tomate, que está 19% mais caro na comparação com o mês passado, tenha seu custo ainda mais elevado nas próximas semanas, por conta do clima de frio e chuva, que reduz a oferta pelo fato de o fruto não amadurecer. Seu preço gira em torno de R$ 5,90 nas prateleiras dos estabelecimentos da região. Em maio, custava R$ 4,96 – R$ 0,94 menos.

A carne bovina, alerta De Benedetto, também deve pesar mais, devido ao fato de estar na ‘entressafra’. O corte de primeira aumentou 14,5%, ou R$ 3,09, passando de R$ 21,28 em maio para R$ 24,37 agora. “Com o pasto ruim, o gado perde peso e, diferentemente dos animais voltados à extração de leite, estes não podem ser alimentados com ração. O setor produtivo, por sua vez, aproveita para repassar custos ao consumidor, a fim de compensar o volume menor de corte.”


 




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