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Na mira

Aplicativos permitem que eleitor verifique, por celular ou computador, lista de processos aos quais os candidatos respondem na Justiça

Por Humberto Domiciano
Do Diário do Grande ABC
10/06/2018 | 07:18
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EBC


A proximidade das eleições e a necessidade de conhecer melhor os candidatos que estarão no páreo de outubro devem fazer com que ferramentas digitais sejam mais utilizadas na busca por informações de políticos, como processos judiciais, quantidade de projetos aprovados e propostas de plano de governo.

Para a disputa deste ano, a principal novidade é o aplicativo Detector de Ficha de Político. Desenvolvido pelo Instituto Reclame Aqui, o programa funciona da seguinte maneira: o eleitor fotografa uma página de jornal ou tela de computador, e o aplicativo já traz uma lista de processos aos quais o político destacado na foto responde na Justiça.

A lista disponível na plataforma abrange os postulantes ao cargo de presidente, ex-presidentes da República, além de incluir os principais nomes colocados na concorrência a governador de Estado, ao Senado e na disputa por cadeira de deputado federal.

Esta é a segunda ferramenta do tipo disponibilizada pelo Reclame Aqui. A outra, chamada de Vigie Aqui, funciona em computadores e destaca, em qualquer site, os nomes de políticos que ocupam ou ocuparam cargos eletivos, além de ministros, com pendências na Justiça.

O plugin destaca, durante a navegação, o nome de um político condenado, processado ou investigado. O Vigie Aqui grifa a menção de roxo ao passar o mouse por cima do nome para conferir a ficha judicial do político.

Já o Ranking dos Políticos (www.politicos.org.br) atribui uma pontuação pela atuação dos parlamentares do Congresso Nacional. Entre os pontos avaliados estão a presença nas sessões, os valores utilizados da cota parlamentar, a quantidade de processos judiciais e ainda a realização de cursos de atualização e o tempo de filiação ao partido.

O site Transparência Brasil (www.transparencia.org.br/), por sua vez, possui um trabalho mais abrangente e monitora, além dos políticos, os órgãos públicos. Um exemplo disso é que a ONG publica relatórios sobre o Congresso, assembleias legislativas e tribunais de contas de todo o País.

A análise de informações, por outro lado, tendo como base a Lei de Acesso à Informação, é o principal trabalho realizado pela ONG Artigo 19 (www.artigo19.org). A organização tem como mote a defesa de direitos humanos e a promoção do direito à liberdade de expressão e de acesso à informação em todo o mundo. Entre as áreas que têm relatórios publicados pela entidade estão a Segurança Pública e o Saneamento Básico.

Outro projeto que complementa o cenário de iniciativas dentro dessa vertente é o Projeto Brasil (www.projetobrasil.org.br). A ONG tem como foco trazer discussões no sentido de dar transparência a questões importantes e auxiliar os eleitores brasileiros a fazerem escolhas mais informadas sobre os candidatos aos cargos eletivos majoritários como prefeitos, governadores e presidente da República. “Acreditamos que democracias robustas contam com a participação dos cidadãos em todos os momentos, nos eleitorais e naqueles entre eleições. Além disso, o site possibilita comparar as ideias de até três candidatos simultaneamente. As propostas dos planos de governo foram divididas por assuntos como Segurança pública, Economia, Educação, entre outros”, informou o portal da organização.

IMPACTO - Na visão de Michael Mohallem, professor de Direito e cientista político, a utilização das ferramentas mencionadas é positiva, mas ele ainda não enxerga potencial para mudança do quadro eleitoral. “Alterar o quadro ainda seria precoce, acho cedo para dizer. O alcance de aplicativos é restrito ainda e isso se agrava pelo fato de muitas dessas informações sobre processos na Justiça não serem providas pelos candidatos. Os aplicativos e ferramentas darão acesso fácil a um número grande de informações que não são tão fáceis de obter nos sites do Tribunal de Justiça, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ou do MP (Ministério Público), por exemplo”, ponderou o especialista.

Mohallem defendeu ainda que os aplicativos possam ser uma saída para combater as chamadas fake news (notícias falsas). “Nesta eleição de 2018, os aplicativos podem servir de fact-checkers (checadores de fatos) e, se as fontes forem confiáveis sobre processos passados ou em andamento, passa a ser instrumento de checagem”, completou.

O especialista também destacou que a informatização dos processos tem crescido cada vez mais no País, o que contribui para a facilitação dos acessos. “Vejo série de aplicativos do TSE, como o título eleitoral eletrônico, novas bases de dados e o reconhecimento facial são boas iniciativas. Além disso, tem ainda um aplicativo que será lançado em breve no qual o eleitor poderá inserir suas preferências políticas e, a partir disso, terá uma espécie de ‘match’ de candidatos com perfil ideológico parecido. São bons componentes”, considerou.
 




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