Memória Titulo MEMÓRIA
O desenhista que urbanizou uma cidade. Subsídios à memória de Rio Grande da Serra
Por Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
13/11/2017 | 07:00
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“Se olharmos para o céu, veremos a obra de um maravilhoso Criador, que criou milhares e milhares de galáxias, maiores que a nossa Via Láctea, com milhões de sóis e milhões de mundos.”
Cf. Oswaldo Salles Cunha, baseado nos livros de Allan Kardec, de um trabalho em sete laudas datado de 16-11-2000.

Oswaldo Salles Cunha, que ontem reapresentamos – o havíamos apresentado em 2000, numa série de três reportagens –, aprendeu a lidar com loteamentos na juventude. Trabalhou com o pai, loteador da Vila Dom Pedro I, atrás do Museu Paulista, o Museu do Ipiranga.

Descobriu Rio Grande da Serra quando a cidade tornara-se distrito, com o nome de Icatuaçu.

Sua vocação profissional era o desenho. Antes de vir para Rio Grande da Serra, na primeira metade da década de 1950, foi projetista de máquinas. Trabalhou em várias indústrias de São Paulo, sempre desenhando. Por isso não teve dificuldades em desenhar os vários loteamentos que ele abriu em Rio Grande – fazia as plantas, que eram assinadas por engenheiros.

Quando o entrevistamos, Oswaldo Salles Cunha nos mostrou mais duas facetas: o homem de fé, que escrevia com base na obra do líder espírita Allan Kardec, e o artista plástico, com paisagens de Rio Grande da Serra.

O artigo que se segue, manuscrito, Oswaldo Salles Cunha nos doou na ocasião e agora é publicado pela primeira vez.


‘Segui o apito do trem’

Texto: Oswaldo Salles Cunha

A minha chegada em Rio Grande foi da seguinte maneira: estava fazendo um loteamento, chamado Califórnia Paulista, que faz frente para a Rodovia Índio Tibiriçá, e não conhecia Rio Grande da Serra.

Uma pessoa me falou: se eu seguisse o apito do trem chegaria a uma estação da estrada de ferro.

Assim fiz: peguei o meu carrinho e vim seguindo o apito do trem. Até que cheguei a uma encruzilhada, o Largo da Independência, das atuais ruas José Maria Figueiredo e Dom Pedro I, na atual Vila Figueiredo.

Escolhi o caminho que me parecia melhor. Segui em frente, até chegar a uma porteira. Neste momento vieram correndo os Figueiredo:
O que o senhor está fazendo dentro do meu galinheiro?

Eu estava na área da futura Rua José Maria Figueiredo. Dei minhas explicações, e a família me perdoou (pela ‘invasão’).

Os Figueiredo tornaram-se meus amigos. Daí surgiu a Vila Figueiredo, de propriedade de Otavio Figueiredo e José Figueiredo. Isso ocorreu no ano de 1954, mais ou menos.

Em seguida, o senhor Joaquim Lopes me pediu para lotear a Vila Lopes e me construiu a Imobiliária Salles Imóveis, em frente à Estação do Rio Grande.

Daí em diante, fiz mais de 20 loteamentos em Rio Grande da Serra. Vendi cerca de 4.000 lotes durante os 40 anos em que estive em Rio Grande da Serra. Fiz também o primeiro mapa do município.

Uma vez me candidatei a vereador. Fui o mais votado, mas acabei cassado porque o meu domicílio era Ribeirão Pires.

Os loteamentos

(Cf. listagem que acompanha o texto de Oswaldo Salles Cunha):

Jardim Palmira, de Palmira Salte Figueiredo

Vila Conde Siciliano, de Alexandre S. Vasconcelos

Recanto das Flores, de Mioso Nishikawara

Vila Albano, de Mario Albano

Vila Arnoud, de Arnoud Machado da Costa

Vila Cristina, de Francisco Matarazzo

Vila Gonçalves, de Armando e Julio Carreira Gonçalves

Vila Lavínia, de Otavio Figueiredo

Vila Lydia, de Antenor Ferraz

Vila Niwa, de Jitsuji Niwa

Vila Ota, de Eiji Ota

Vila Tsuzuki, do Dr. Seigo Tsuzuki

Chácara Dom Bosco, de Segundo Pascoalino Bosco

Chácara São Paulo, de Dario Novaes Leite de Barros

Chácara Carreira, de Armando e Júlio Carreira Gonçalves

Jardim Encantado, de Dionísio Lima

Jardim Esperança, de Goki e Hisao Tsuzuki

Jardim Lima, do espólio do Dr. Eugênio de Lima

Jardim Nova Califórnia, de Omar Leite de Barros

Jardim Novo Horizonte, do Dr. Emil Wirth

Jardim Radial, de Aggeu Silveira Monteiro

Vila Felicidade, de Armando e Julio Carreira Gonçalves


Diário há 30 anos

Sexta-feira, 13 de novembro de 1987 – ano 30, edição 6598

Manchete – Ulysses Guimarães, presidente da Câmara Federal, reage à ameaça do presidente Sarney e defende a soberania da Constituinte

Santo André – Apae inaugura a 11ª Feira da Bondade na Garagem Municipal.

São Bernardo – IPTU reajustado em 300%.

Memória – Foto de 1939 mostra torcedores do Campo Grande FC, em Paranapiacaba, em jogo de futebol disputado em Mogi das Cruzes. Eles viajam no automóvel de Santinho Carnavale, futuro prefeito de Ribeirão Pires.

Módulo Azul – No Parque do Sabiá, em Uberlândia, EC Santo André 1, Uberlândia 0. O gol foi marcado pelo lateral Claudinho Santista em cobrança de falta – o Ramalhão estava a 617 minutos sem marcar.


Em 13 de novembro de...

1887 – Criada em São Paulo a Sociedade Libertadora da Província por um grupo de fazendeiros. O objetivo da sociedade é o de promover a libertação dos escravos sem a desorganização do trabalho agrícola.

1917 – A situação na Rússia. Do noticiário do Estadão:

A guerra civil.

Combate entre maximalistas e nacionalistas.

O Brasil na guerra: suspensão temporária da navegação brasileira para a Europa.

1972 – Incêndio destrói as lojas Tecidos Cunha e Debones Modas, na Avenida Francisco Matarazzo, em São Caetano.

1992 – Prefeitura de Santo André realiza a solenidade de abertura da sede da Casa do Olhar, à Rua Campos Sales, 414. É inaugurada a exposição A História de Dois Quadrados, do artista plástico Tuneu.


Santos do Dia

Estanislaus Kostka

Diogo de Alcalá

Eugênio de Toledo 




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