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Pressão militar indiana prejudica busca e captura de Bin Laden
Das Agências
27/12/2001 | 09:14
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A pressão militar exercida pela Índia nas fronteiras Leste do Paquistão pode obrigar Islamabad a uma nova mobilização de tropas, empenhadas atualmente na fronteira afegã (Oeste) na perseguição dos combatentes de Al-Qaeda, estimam os analistas paquistaneses.

Pela primeira vez em sua história, o Paquistão enviou tropas às zonas tribais semi-autônomas às margens da fronteira afegã para tentar capturar os fiéis do mulá Mohammad Omar e de Osama Bin Laden, principais suspeitos da organização dos atentados de setembro nos Estados Unidos.

Segundo as fontes do Ministério paquistanês de Defesa, mais de 50 mil soldados estão atualmente mobilizados nessas regiões, majoritariamente pashtuns, de difícil acesso, onde os combatentes talibãs de Al-Qaeda, fugindo dos combates no Afeganistão, teriam chegado para esconder-se.

Entretanto, durante a semana anterior, a tensão aumentou no Leste, entre Índia e Paquistão, que mobilizaram tropas depois que Nova Délhi acusou Islamabad de ter planejado o ataque de um comando suicida de supostos militantes muçulmanos contra o Parlamento indiano, que causou 14 mortos no dia 13 deste mês.

O Paquistão, por sua parte, desmentiu qualquer implicação e condenou o ataque terrorista. Segundo os analistas paquistaneses, os estrategistas militares indianos pretendem aproveitar a mobilização paquistanesa na fronteira afegã para preparar ataques rápidos e precisos, ou até uma ofensiva maior, na parte paquistanesa de Caxemira.

"A Índia coloca o Paquistão em uma situação difícil, devido à grande mobilização de nossas tropas no setor Oeste. Aproveita esse fato para aumentar a pressão em nossa fronteira Leste", disse o analista paquistanês Hassan Askari Rizvi.

Com este fato, adianta, a Índia solapa a contribuição paquistanesa à coalizão antiterrorista mundial e busca legitimar suas ações contra os combatentes separatistas de Caxemira, região do Himalaia dividida de população majoritariamente muçulmana.

Índia e Paquistão já se enfrentaram três vezes desde 1947 e uma série de choques fronteiriços em 1999 esteve a ponto de desembocar em um novo conflito generalizado.

Nova Délhi e Islamabad reivindicam mutuamente a soberania total sobre Caxemira há mais de meio século.

O presidente paquistanês Pervez Musharraf, que pretende mobilizar o país, diante das "ameaças indianas", ainda não deu instruções sobre uma eventual mobilização de tropas da fronteira afegã para a fronteira indiana.




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