Cultura & Lazer Titulo
Ritmo portenho,
alma brasileira
Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
07/07/2011 | 07:00
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O trio Jogando Tango, em seu primeiro disco, 'Hecho a Mano' (selo independente, preço R$ 20), recria atmosfera clássica argentina, daquelas que até em Buenos Aires é difícil encontrar atualmente. O CD, que será lançado hoje, com show na Capital, pode ser comprado pelo site www.jogandotango.com.br.

Partindo de pesquisa sobre a história da música tradicional argentina, Juan Pablo Ferrero (violão), Ricardo Pesce (acordeon) e Vinicius Pereira (contrabaixo) trouxeram ao disco, gravado ao vivo, repertório que passeia por composições feitas entre 1910 e 1970.

A inspiração parte principalmente do Cuarteto Típico Troilo y Grela, que no fim da década de 1960 marcou o retorno do tango à simplicidade, depois de o gênero ter atingido a apoteose, invadido os grandes teatros e formações orquestrais e ter ficado difícil de manter-se com a mesma pompa após os revezes econômicos sofridos na Argentina no período.

"Eles pegavam as canções mais conhecidas e faziam arranjos com muitas variações de textura e andamento, o que trouxe um pensamento orquestral de composição do tango para formações menores. Os grupos foram reduzidos naquela época para que fosse possível tocar mesmo na crise", conta Ricardo Pesce.

Nascido nos bailes, cabarés e portos da capital argentina - em condições muito semelhantes à criação do samba no Rio de Janeiro -, o tango só foi valorizado depois de fazer sucesso na Europa. Então foi pensado com mais complexidade, composto por nuances que puderam ser exploradas na simplicidade dos grupos menores.

REPERTÓRIO
Entre tangos, valsas e milongas, o Jogando Trio faz um passeio por épocas, compositores e vertentes do gênero musical argentino. O álbum traz desde célebres canções, como os tangos 'Taconeando', que fez sucesso com Carlos Gardel, e 'La Cumparsita', um dos temas mais conhecidos pelo mundo, até as valsas 'Romántica' e 'Palomita Blanca' e a milonga 'De Vuelta y Media', de Maximo Barbieri.

O tradicional bandoneon, o mais clássico instrumento do tango, no trio é trocado pelo acordeon, mas não há mudanças significativas na busca do som original. A intenção da mudança, segundo Pesce, não é dar um outro sabor. Ele conta que dá trabalho tentar tirar do acordeon um som de bandoneon. "O bandoneon tem um som mais ardido, enquanto o outro soa mais suavemente. Claro que existem limitações e diferenças entre um instrumento e outro, mas a busca é pela sonorização do instrumento tradicional. A diferença acaba sendo a maneira de mexer no fole e a posição dele. Um fica entre as pernas e o outro é sustentado pelo ombro."

EL ARRASTRE
Ao lado do quinteto Café Tango e da orquestra típica De Puro Guapos, o trio Jogando Tango faz parte do Movimento El Arrastre, que há dois anos foi criado para difundir um tango puríssimo argentino feito no Brasil. Juntos, eles já gravaram DVD. Separados, cada um busca uma vertente do tango.

"A Puro Guapos, com oito instrumentistas, tem formação típica orquestral, enquanto o quinteto Café Tango toca temas do Piazolla, que tem uma estética diferente, moderna, enquanto nós resgatamos canções do passado com a mesma busca dos quartetos dos anos 1960", conta Pesce.

Jogando Tango - Show. Hoje, às 21h No Mano Tango Parrilla & Bar - Rua Canário, 408, São Paulo. Tel.: 3367-3601. Ingr.: R$ R$ 20.




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