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Espanha concentra no Brasil seus maiores investimentos na A. Latina
Por Do Diário do Grande ABC
12/07/2000 | 11:33
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O interesse que a América Latina despertou nas grandes companhias espanholas nas últimas duas décadas se concentrou no Brasil nos últimos três anos, que com multimilionários investimentos têm transformado a Espanha no segundo maior investidor no país, atrás apenas dos Estados Unidos, disse um representante do Escritório Comercial da Espanha em Sao Paulo.

Esses investimentos maciços já chegaram a uma segunda fase. Agora o Brasil é atraente também para as pequenas e médias empresas, afirmou o conselheiro econômico e comercial do Escritório Comercial da Espanha em Sao Paulo, Enrique Giménez de Córdoba.  ``No Brasil, as empresas espanholas investiram em três anos o que investiram em quinze anos no restante da América Latina', afirmou Giménez de Córdoba.

Tradicionalmente mais ligada à América Latina hispânica - por óbvios laços históricos, culturais e sua grande colônia nestes países - a Espanha voltou seus olhos para o Brasil apenas na última década, aproveitando um amplo programa de privatizaçoes e concessoes que permitiu aos grandes conglomerados espanhóis se instalar no país em setores em crescimento, como o das telecomunicaçoes, financeiro e de energia.  

O total dos investimentos da Espanha no Brasil alcançou os 251 milhoes de dólares em 1995 e hoje ronda os 16,5 bilhoes de dólares.  O grande salto foi em 1998, quando a Espanha liderou os investimentos diretos internacionais com 5,120 bilhoes de dólares. Em 1999, os espanhóis investiram 5,720 bilhoes de dólares, cifra que consolidou a Espanha como segundo principal investidor no Brasil, segundo cifras do Banco Central.  ``A partir de 1994, os olhos dos investidores espanhóis se voltaram para o Brasil: coincidia com o Plano Real de reformas econômicas, com o apoio do Fundo Monetário Internacional e o crescimento do Mercosul, que deram uma imagem de segurança do país para o exterior', disse Giménez de Córdoba.  

O primeiro grande grupo investidor espanhol no Brasil é a Telefónica. Em seguida, vêm os bancos em expansao, Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) e Santander Central Hispano (BSCH), com a companhia energética Iberdrola. Também sao grandes investidores a seguradora Mapfre, a Gás Natural e a companhia de petróleo Repsol-Ypf.  

Depois da avalanche de grandes empresas, agora é a hora das médias e pequenas, que começam a se interessar por este mercado de mais de 160 milhoes de habitantes: ``Há cerca de 250 ou 300 empresas médias fazendo investimentos de todo tipo no Brasil', segundo o conselheiro.  

Josep Vidales e Mónica Gené sao um exemplo de pequenos empreendedores: chegaram ao Brasil em 1995, vindos de Barcelona, e instalaram em Sao Paulo uma empresa de equipamentos gráficos.  ``Estudamos vários mercados, como a Argentina. Era a época do Plano Real e nos demos conta de que o Brasil era um mercado muito interessante: porque é muito grande e há muito por fazer', conta Vidales. Para estes empreendedores, o Brasil é um mercado de futuro: ``em dez anos, o país está destinado a ficar bem', mas que ainda pode ser difícil para pequenos negócios, às vezes sem recursos para resistir a choques como uma crise ou a desvalorizaçao da moeda em 1999.  

A chegada de empresas médias assegura a manutençao de investimentos que inicialmente chegaram pela via das privatizaçoes. ``Acreditamos que a tendência é que esta corrente importante de investimentos continue, agora com outras empresas menores, já que o número de multinacionais na Espanha é pequeno e quase todas estao entrando', disse o conselheiro comercial. 

Hoje, os setores mais interessantes para captar novos e significativos investimentos sao o elétrico - em plena abertura - e o financeiro, com a futura privatizaçao do Banco do Estado de Sao Paulo (Banespa), o último dos grandes bancos à venda, que interessa ao BSCH e ao BBVA.  

O investimento teve outros efeitos e ``trouxe uma ampliaçao do fluxo comercial', inicialmente tao fraco quanto a presença econômica, afirmou à AFP o diretor da Federaçao das Indústrias do Estado de Sao Paulo (FIESP) Maurice Costin.  

Em 1999, as exportaçoes brasileiras à Espanha alcançaram 1,169 bilhao de dólares e as importaçoes da Espanha, 1,179 bilhao. Nos primeiros cinco meses de 2000, as exportaçoes do Brasil alcançaram 406 milhoes de dólares e as importaçoes, 454 milhoes, segundo a FIESP.  

A atual visita oficial dos reis da Espanha ao Brasil, junto com uma delegaçao de empresários que participam esta quarta-feira de um encontro em Sao Paulo, a capital econômica do país, sao um sinal claro do interesse espanhol no país.




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