À margem do mundo, e de si mesmos, três solitários, considerados escória social, jogam luz às sombras de suas histórias. Assim é Navalha na Carne, texto de Plínio Marcos que o Grupo de Ninguém encena, a partir de hoje, às 21h, em curta temporada no Centro Cultural Gambalaia, em Santo André.

Em um quarto de bordel, a prostituta Neusa, o cafetão Vado e o homossexual Veludo discorrem e discutem suas vidas. Sempre disputando o domínio da situação, os personagens estão em permanente pé de guerra, um tentando derrubar o outro.

Neusa se divide entre o amor que sente pelo cafetão e a necessidade de vender seu corpo para dar dinheiro a ele. Vado quer grana para manter seus vícios, enquanto Veludo, ser que se considera sempre discriminado, deixa-se levar pelos prazeres da vida. É a faceta mais cômica da história, apesar de ser um dos mais vilipendiados.

"Uma das frases da peça me chama atenção. É ‘será que somos gente?' Três marginais convivendo em situações deprimententes, tentando sobreviver e expondo, na tentativa de ser mais forte que o outro, suas fraquezas, seu lado humano", conta o diretor Jean Carlo Cunha.

"Há momentos em que os três estão em cena, vemos que eles se completam. Na mesma situação, o destaque, a atenção que eles buscam vira motivo de discórdia."

A encenação segue a mesma linha do texto, brutal. "A interpretação é realista, como o texto pede. Quando é tapa na cara, empurrão, surra, é tudo isso mesmo, muito próximo do real", diz.

Apresentando-se em semi-arenas, o grupo deseja estar perto do público. "Queremos que eles façam parte do espetáculo, mergulhem no submundo e vejam os acontecimentos desenvolvidos muito próximos".

A peça será apresentada todos os sábados deste mês.