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Índios Pankararus vivem em aldeia de Mauá
Por Sucena Shkrada Resk
Do Diário do Grande ABC
30/03/2002 | 16:12
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Anônimos em uma aldeia urbana, uma dezena de famílias de índios pankararus vivem na região do Jardim Sônia Maria, em Mauá. Com pele morena e poucos traços parecidos com as imagens estereotipadas dos índios, eles se misturam na multidão, e tentam manter suas raízes com dificuldade, sem dispor de uma reserva própria em São Paulo.

Na Região Metropolitana, eles hoje são cerca de 950 índios e 365 famílias, que vivem principalmente em favelas e conjuntos habitacionais nos bairros Real Park, Capão Redondo e Campo Limpo, na capital, Taboão da Serra e Guarulhos.

A etnia se concentra na aldeia Brejo dos Padres, em Pernambuco, e em parte dos municípios de Tacaratu, Petrolândia e Jatobá, a 430 km de Recife.

Segundo o presidente da Associação SOS Indígena Pankararu, Frederico Marcionilo de Barros, a migração dos primeiros pankararus a São Paulo começou em 1955, quando os índios vieram atrás de trabalho. O objetivo era servir de mão-de-obra na construção do estádio do Morumbi. “Com o passar dos anos, o desemprego fez com que muitos vivessem em favelas.”

Assegurar a manutenção das raízes culturais tornou-se a principal dificuldade enfrentada pelos pankararus e seus descendentes, fruto de uniões com pessoas que não integram a etnia (até a sétima geração, os descendentes são considerados índios). “A nossa principal perda é a língua, que começou no período da colonização, e por isso temos dificuldade de resgatar o nosso dialeto. Ainda enfrentamos a falta de espaço físico para podermos realizar nossos cultos e tradições comuns na aldeia.”

Preservar a identidade cultural é o que mantém o ânimo de viver da pankararu Maria Edivirgens dos Santos, 66 anos, e seu marido, João Batista dos Santos, 65, que moram no Jardim Sônia Maria. Saíram de Brejo dos Padres em direção a São Paulo foi em 1965. Dessa época até hoje, quando a saudade bate, voltam à aldeia. “O que nos prende a Mauá são os nossos sete filhos. Mas é difícil se acostumar fora da reserva”, disse Edivirgens.

A negociação de uma área de 120 alqueires em de Miracatu, a cerca de 120 quilôme-tros da capital, é apontada por Barros como “a luz no fim do túnel” para os pankararus enraizados em torno da capital. O pedido tramita na Funai (Fundação Nacional do Índio). “Acredito que 70% dos pankararus que vivem em São Paulo irão para lá. A terra foi oferecida por um médico. Dessa forma, poderemos voltar a fazer nosso artesanato, nossos chapéus esteiras e pilões de barro.”




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