Levar felicidade e a magia do Natal a dezenas de crianças é tradição que Valter Scarpelli, 76 anos, de São Bernardo, não abre mão há três décadas, mesmo diante de dificuldades colocadas pela vida nesse caminho. Todo ano, como aconteceu ontem, é sagrada a realização de festa natalina em sua chácara, no bairro Zanzalá, com direito a fartura de guloseimas, brincadeiras do palhaço Miguelito e, claro, a presença do Papai Noel carregado de presentes.

Ligado à doutrina espírita, Scarpelli sempre desempenhou ações sociais. Há 15 anos ele se viu sobre uma cadeira de rodas devido aos efeitos da esclerose múltipla, doença que coloca o organismo em degeneração progressiva e, no longo prazo, pode impedir o portador de realizar as suas atividades normais pelo acúmulo de incapacidades. Aceitar a situação não foi fácil, de início. “Pensei em me matar. Eu tinha empresa no ramo de papelaria, com sete lojas, andava de bicicleta por 12 quilômetros e, de repente, não podia fazer mais nada. Mas vi que eu não devia ofender a Deus, que me deu a vida com tanto carinho”, contou.

Os verdadeiros amigos também lhe deram forças e a trajetória continuou. Todos coletam doações, como roupas, brinquedos e doces, e o conteúdo é embalado para que o Bom Velhinho faça a alegria da criançada ano a ano. Ontem, 35 crianças foram presenteadas.

“Que essa ação desperte no ser humano o espírito de solidariedade, pois tem muitas pessoas precisando. A gente acha que está mal, mas tem gente em situação bem pior”, falou Scarpelli.

A pequena Elen Beatriz Pereira, 7, sabe a importância de ajudar ao próximo. Tanto que seu pedido ao Papai Noel não foi nenhuma boneca ou qualquer outro tipo de brinquedo. O que ela quer é que todos possam sentir o mesmo que ela sente com a festa promovida por Scarpelli: “Pedi que todo mundo seja feliz.”