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Covas: Reforma mostra que FHC está no comando
Por Do Diário do Grande ABC
17/07/1999 | 15:34
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Depois de passar uma semana cobrando uma posiçao firme do presidente Fernando Henrique Cardoso na reforma ministerial, o governador de Sao Paulo, Mário Covas (PSDB), elogiou neste sábado as mudanças feitas na equipe. Mesmo assim, sem deixar de lado seu estilo mordaz, disse que, se fosse com ele, nao precisaria ter pedido a renúncia coletiva dos ministros."Eu troco mesmo, mas deixa isso pra lá", comentou. "Com quem vocês querem que eu brigue agora?" Para Covas, ficou claro que o presidente está no comando do governo, "pois essa imagem de desagregaçao era muito ruim, uma coisa inaceitável".

O governador disse nao ter feito contas para saber se o PSDB ficou com com mais ou menos ministérios depois da reforma. "Isso nao tem a mínima importância", afirmou. "Até porque, nada me indica que o presidente tenha sido compelido a fazer esta ou aquela mudança, porque escolheu os ministros seguindo sua própria vontade, sem levar em conta o loteamento de cargos".

Informado de que o PMDB nao ficou contente com o troca-troca, Covas foi taxativo: "Eu nao sou do PMDB, sou do PSDB". Nao se cansou de repetir, porém, que achou o comportamento do entao ministro da Justiça, Renan Calheiros, "o fim da picada", pois o peemedebista desautorizou o presidente no episódio da nomeaçao do diretor-geral da Polícia Federal. Covas, que já havia cobrado a demissao de Renan, evitou entrar em novo bate-boca neste sábado, quando foi lembrado sobre suas divergências com o presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhaes (PFL-BA), por causa da instalaçao da fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia.

O PFL manteve quatro ministros na equipe, mas o governador nao soube dizer se o senador baiano estaria mais calmo depois da reforma. "ACM, que eu saiba, é o meu secretário particular Antônio Carlos Maluf", desconversou. Sobre o ACM senador, ele nao quis falar. "Já falei muito sobre guerra fiscal e Ford e nao sou propriamente um confidente dele."

Na avaliaçao de Covas, o PSDB sairá fortalecido das mudanças no Ministério se Fernando Henrique divulgar as açoes de governo, principalmente na área social. "Ele nao precisa mudar o governo, mudar o rumo, nada disso: basta que se agite mais e mostre o que vem fazendo, pois muitos de seus programas anunciados parecem que nascem e morrem", argumentou.

Covas disse que o desempenho do ministro Clóvis Carvalho transferido da Casa Civil para o Desenvolvimento, vai depender de sua atuaçao. "Ele me parece talhado para executar ess tipo de tarefa de elocubraçao, de construçao, que era um papel quase desnecessário dentro do Palácio do Planalto e acho que o presidente resolveu mudá-lo por causa disso", observou. Ele nao fez, no entanto, nenhum comentário sobre a saída de Celso Lafer, que deixou a pasta do Desenvolvimento. "Nao adianta eu dizer nada, isso depende da maneira que cada um vê as coisas", argumentou.

Os problemas políticos, para o governador, nao vao acabar. "Podem melhorar, mas desde que todos se envolvem na tarefa de trabalhar mais e discutir menos", afirmou. Covas concordou com o presidente no raciocínio de que havia muita futrica e briga na equipe.

Para o ministro da Educaçao, Paulo Renato Souza (PSDB), outro tucano mantido na equipe, as mudanças na Esplanada dos Ministério vao dar unidade e coesao ao governo."Passamos por uma crise grande e agora é hora da reaçao, num governo de coalizao que atendeu os quatro partidos de sua base ", avaliou Paulo Renato. Ele disse lamentar o comentário de dirigentes do PT, que criticaram a reforma ministerial, com o argumento de que a troca foi de seis por meia dúzia. "Infelizmente, a oposiçao nunca fará acordo com o governo."

Reuniao - Após o velório do deputado federal Franco Montoro (PSDB-SP), o presidente Fernando Henrique reuniu-se no Palácio dos Bandeirantes com o ministro Pimenta da Veiga, o secretário-geral da Presidência, Aloysio Nunes Ferreira, e o líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP). O encontro foi reservado e durou 40 minutos. "Nao conversamos nada de especial", despistou Madeira. No seu diagnóstico, a reforma fortaleceu todos os partidos da base de sustençao. "Todos ganharam, porque ficou uma coisa mais equilibrada", disse.




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