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‘Parcerias vão continuar, mas ritmo é menor’

Ministro das Cidades do governo de Dilma Rousseff (PT), Gilberto Kassab (PSD) nega que a crise econômica fará com que obras engatilhadas para o Grande ABC envolvendo sua Pasta serão cortadas para contenção de gastos. Mas admite que o ritmo será mais moroso

Sergio Vieira
Do Diário do Grande ABC
21/09/2015 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


Ministro das Cidades do governo de Dilma Rousseff (PT), Gilberto Kassab (PSD) nega que a crise econômica fará com que obras engatilhadas para o Grande ABC envolvendo sua Pasta serão cortadas para contenção de gastos. Mas admite que o ritmo será mais moroso.

“Não haverá paralisação. O ritmo lento é público. Hoje o mundo tem situação menos favorável em relação à economia. Existem menos recursos fora do País ou dentro do Brasil, público ou privado. É motivo de estarmos agindo com cuidado”, diz Kassab, em entrevista exclusiva ao Diário antes do anúncio da equipe econômica do Palácio com redução de despesas e desejo de recriação de impostos.

O presidente nacional do PSD também faz avaliação otimista do futuro do País e da participação de sua legenda na eleição municipal do ano que vem. Confira entrevista abaixo.

Quais perspectivas que os prefeitos do Grande ABC podem ter em relação ao Ministério das Cidades neste momento de crise econômica?
O volume de intervenções do ministério na região é tão grande que nos permite ter nos dias de hoje volume grande de obras em ritmo mais lento. Parcerias continuam e é uma das regiões mais privilegiadas. No campo de Saneamento, Mobilidade Urbana, da Habitação. O que se questiona é o volume de novas intervenções, que existirão, mas em nova cadência e realidade. Hoje o mundo tem situação menos favorável em relação à economia. Existem menos recursos fora do País ou dentro do Brasil, público ou privado. É motivo de estarmos agindo com cuidado. Houve apresentação da fase três do Minha Casa, Minha Vida. Programa vai continuar. As pessoas, quando explicamos a apresentação, passam a perceber a importância e grandiosidade do investimento. Enviamos ao governo federal Orçamento com R$ 15,5 bilhões para o Minha Casa, Minha Vida. São R$ 9,5 bilhões destinados às obras da fase 1 e 2. Como pode alguém questionar que o programa é rediscutido? Há recursos destinados para fase três. claro que há novo ritmo, há novo ritmo para tudo. Qualquer prefeito ou governador rediscute o ritmo porque a receita caiu. Muitos investimentos na região existem, estão sendo tocados, com volume pouco menor de recursos, portanto com ritmo menos rápido das obras. Espero que possamos recuperar o ritmo mais intenso das obras assim passar essa atual conjuntura da economia, que não é favorável.

Há risco de corte de projetos?
Projeto grande não se para nunca. Diminui o ritmo. É o que acontece na maior parte dos casos. No Grande ABC também. Se fizer avaliação, as obras federais estão em ritmo lento, mas as obras estaduais e municipais também. Qualquer que seja programa não tem o mesmo ritmo. Há menos recurso, menos contratação. Nos serviços terceirizados, com certeza as empresas são chamadas para renegociar. É situação difícil da economia. Fui prefeito de São Paulo e reeleito. A cidade de São Paulo nunca tem momento bom. O atual prefeito (Fernando Haddad, PT) afirmou que pegou a cidade quebrada. Eu também governei com a cidade quebrada por sete anos e governei muito bem. Sei o que é administrar com recursos escassos. São Paulo é cidade grandiosa, grande receita e grandes problemas. Dificuldade de recursos muito grande. Não é diferente do plano federal, nem de Estados ou municípios. É saber priorizar. Ter austeridade e dar o exemplo, para que possamos avançar e fazer o melhor possível com os recursos.

Economistas dizem que 2015 é ano perdido e que luz no fim do túnel só no fim do ano que vem. Como o sr. enxerga essas análises?
Existem aqueles que só veem pontos negativos. Em geral são os do campo da oposição. Mas vejo chance de melhorarmos, até porque alguns pontos já melhoraram. Ou a inflação não abaixou? Ou as exportações não melhoraram e o nosso saldo está mais favorável? Alguns pontos positivos começam a surgir, o que nos faz ter certeza que outros pontos positivos vão surgir ao longo do tempo, ao longo de 2016, e para que possamos mostrar para o investidor que estamos no rumo certo. O investidor quer ver o País no rumo certo.

Como o sr. viu o rebaixamento da nota do País por parte da Standard&Poor’s? Compactua da opinião do ex-presidente Lula que isso não quer dizer nada?
Evidentemente que diz. Essa mesma agência, até dez anos atrás, tinha suas avaliações eram muito piores. E nos últimos anos foi melhorando sensivelmente. Esse ponto é muito superior ao ponto que estávamos em 2002, em 2001 ou em 1999. Vale a pena mostrar esse gráfico para aqueles que acham que a situação é de caos. A agência faz alerta que o Brasil não está na mesma posição do mês passado.

A crise atual é política ou econômica?
É política e econômica. Econômica porque há circunstâncias internas, mas como estamos em mundo globalizado, por fatos externos. A mais conhecida é a crise da China, que abala todos os países. Até os Estados Unidos. Pouco, mas foi. A questão política existe, estamos tendo resultado de reforma política efetiva, poucos os partidos desenvolvem renovação. O PSD procura investir em renovação. O que falta hoje no Congresso Nacional são lideranças, postura mais nítida dos partidos. A crise política com a crise econômica deságua em ambiente muito ruim.

Qual o nó desta crise política?
A crise se instalou no início do governo, com a eleição de presidente das duas Casas (Renan Calheiros no Senado e Eduardo Cunha na Câmara, ambos do PMDB). Desde aquele momento tentou-se superar. Há tentativa de destravar, mas até o presente momento não foi atingido esse objetivo. Quando tem relação difícil com o Legislativo, cria-se ambiente muito ruim. É o que vivemos hoje. Por enquanto não existe no horizonte nada que vá melhorar no curto prazo. Não é possível debater políticas públicas para o País. Líderes do Congresso discutem essa questão do que projetos ao País.

Como é viver com clima de impeachment?
Com naturalidade vejo isso. Estamos em democracia. Se alguém levanta um tema, ele precisa ser discutido. Não há nada que desabone a conduta e a honra da presidente Dilma. No ponto de vista administrativo e moral. Não havendo nada, não vejo como positivo nenhuma ação de confronto à sua permanência. Seria enfraquecimento da nossa democracia. Seria você questionar o fortalecimento das instituições. Não acredito que essa discussão seja bem-sucedida.

Qual andamento da Linha 18-Bronze, que beneficia diretamente o Grande ABC?
Continua nosso compromisso. Está no ritmo. Evidentemente que as liberações não são do ritmo de outrora. Mas continua nossa total disposição. Não haverá paralisação. O ritmo lento é público. Os investimentos no Estado de São Paulo são prioridades. É emblemática, é a primeira fora da Capital.

Como PSD se prepara para eleição?
Como qualquer partido. Se esforçando para ter candidatura própria em todas as cidades. A principal é São Paulo, com pré-candidato Ricardo Patah, pessoa qualificada, liderança respeitada, nesse projeto de renovação. Ele surge com força e disposição. Ele preside o Sindicato dos Comerciários de São Paulo, com 500 mil registrados. Quando fui candidato à reeleição tinha 3%. Terminei a campanha com 84% de aprovação e 62% dos votos. Estamos no rumo. 




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