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Bräuer expoe divergências contra Ministério da Defesa
Do Diário do Grande ABC
18/12/1999 | 15:43
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O Ministério da Defesa ainda nao superou a mais grave crise política desde a sua criaçao em janeiro deste ano. Tendo como mediador o ministro-chefe da Segurança Institucional, general Alberto Cardoso, o governo conseguiu evitar uma dura reaçao à demissao do comandante da Aeronáutica, brigadeiro Walter Werner Bräuer, que apoiou a decisao da CPI do Narcotráfico de quebrar os sigilos bancários, fiscal e telefônico de Solange Antunes Resende, a assessora especial do ministro da Defesa, Élcio Alvares, que acabou exonerada do cargo.

As declaraçoes do ex-comandante Braüer expuseram as divergências ainda existentes dentro da Aeronáutica contrárias à criaçao do Ministério da Defesa, comandado por um civil. No Exército e na Marinha todos os problemas foram superados, mas na Aeronáutica muitos interesses estariam sendo contrariados.

Batalha - A briga entre o comando da Aeronáutica e o ministro da Defesa, Élcio Alvares, vem sendo travada desde que o presidente Fernando Henrique Cardoso começou a discutir a criaçao do Ministério da Defesa. A Aeronáutica nunca aceitou ser comandada por um civil, apesar de ser a mais liberal das forças. A principal batalha travada entre Élcio e o comando é a criaçao da Agência Civil de Aviaçao.

Élcio defendia o formato do novo órgao como uma agência reguladora e civil. Werner Brauer lutava por uma agência ligada ao Departamento de Aviaçao Civil - DAC, que nao seria extinto mantendo sua poderosa estrutura. Com a saída de Werner, o terreno ficará limpo para a extinçao do departamento, o que significará uma perda de poder para a Aeronáutica. Uma das figuras centrais do embate da Aeronáutica com o ministério da Defesa é o brigadeiro Marco Antônio de Oliveira, chefe do DAC, que lidera a resistência contra o fim do órgao.

Embraer - O ex-comandante Bräuer e o ministro Élcio pareciam afinados na defesa contra a venda de 20% das açoes da Embraer para um consórcio de quatro empresas francesas de aviaçao. Porém, a situaçao mudou depois da reuniao realizada na quarta-feira passada, no Palácio do Planalto, que durou mais de quatro horas, com a participaçao do presidente Fernando Henrique, e os ministros das Relaçoes Exteriores, Luís Felipe Lampreia; do Desenvolvimento, Alcides Tápias; o presidente do BNDES, Andrea Calabi, e o entao comandante Bräuer.

A Aeronáutica ficou isolada na posiçao de nao vender as açoes alegando prejuízos para o programa de reequipamento da força. Na entrevista que provocou sua demissao, concedida após o almoço de apresentaçao dos oficiais-generais recém promovidos no clube da Aeronáutica, Bräuer revelou que durante a reuniao surgiram posiçoes divergentes e muitos questionamentos. Mas o ministério mantinha sua posiçao contrária à venda e iria fazer uma pesquisa nos documentos da privatizaçao da Embraer em 1994 para subsidiar um parecer contrário à operaçao.

Parecer - Para o brigadeiro, só daqui há dois meses é que seria possível a conclusao dos estudos. Fernando Henrique acabou adiando a decisao de anular ou nao a venda das açoes até a conclusao do parecer do consultor -geral da Uniao, Geraldo Quintao. Mas o presidente do BNDES, Andrea Calabi, nao gostou do adiamento e defende a venda urgente das açoes.

Outra divergência entre Élcio e o comandante Brauer era o uso do aviao presidencial, apelidado de `Sucatao'. Enquanto Élcio anunciava que o aviao nao seria mais utilizado pelo presidente da República, o brigadeiro continuou defendendo o uso do Boeing por Fernando Henrique. E mesmo depois de Élcio ter dito que o aviao seria aposentado, o brigadeiro afirmou que desconhecia a decisao e que considerava a aeronave `segura'.




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