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O jogo do perde-perde
Carlos Brickmann
Para o Diário do Grande ABC
21/01/2015 | 07:00
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Dá para discutir por horas a imprevidência dos governos paulistas, que não se prepararam para uma grande seca, de longa duração; e a imprevidência dos governos federais, que não se prepararam para garantir eletricidade durante uma grande seca, de longa duração. Dá, mas no momento é inútil. O que se tem de fazer é reconhecer que o problema da energia e da seca é o mesmo, a falta d’água nas represas; juntar as autoridades dos Estados atingidos pela seca com as do governo federal, atingido pela falta de energia, e discutir a saída deste nó cego.

Soluções deve haver, talvez caras, talvez menos eficientes do que gostaríamos, mas possíveis. Só serão possíveis, porém, se parar a guerra imbecil cujo objetivo não é minimizar os problemas, mas botar a culpa nos adversários políticos. Como se atribuir a culpa ao PSDB reduzisse a sede dos petistas, como se atribuir a culpa ao PT oferecesse aos tucanos uma garantia de acesso à energia. Festejar a parada de uma linha do Metrô paulistano, que prejudicou milhares de clientes que têm nele seu único meio de transporte, porque isso prejudica a imagem do governo tucano, é coisa de idiota – até porque a energia parou por ordem, ou falha, do governo federal, petista. E festejar eventos que prejudiquem a população já ultrapassa a imbecilidade, a idiotia: chega, sim, às raias da maluquice.

Na Inglaterra, dois adversários inconciliáveis se uniram para ganhar a Segunda Guerra. Que tucanos e petistas façam o mesmo. E deixem a briga para quando a água estiver jorrando e o ar-condicionado funcionando com tranquilidade.

Música é cultura
Na frase que não foi dita pelo esplêndido Jorge Ben, “moramos/ num País tropical/ abençoado por Deus/ e governado pelo governo”.

Bamboleio, que faz gingar
Como o Caapora, a Mula Sem Cabeça, o Saci-Pererê, o boitatá e o boi voador, que só existem no Brasil, temos aqui mais um fenômeno típico: a BR, Petrobras Distribuidora, empresa pertencente ao Estado, está proibida de fazer contratos com o Estado. É decisão judicial de segunda instância, mas ainda cabe recurso.

A Petrobras Distribuidora, subsidiária da Petrobras e dona dos Postos BR, a maior rede de distribuição de combustíveis do País, foi condenada por irregularidades na obtenção de permissões para instalar postos de gasolina em terrenos da prefeitura carioca – na definição legal, improbidade administrativa. Em termos simples, em novas áreas reurbanizadas pela prefeitura do Rio os postos foram entregues sem licitação à BR, que ali opera sem concorrentes. Por que? Bom, as más línguas devem ter o que dizer, mas oficialmente porque a BR “é nossa”.

A pena é maior do que não poder contratar com o poder público, seu proprietário. A BR pode ter que devolver 47 terrenos, com postos, à prefeitura.

O vai-não-vem
Já está pronto o balanço da saída temporária de presos do fim de ano: mais de 2.000 presos simplesmente não apareceram. É pouco menos de 5% do total – uma percentagem que não chega a ser enorme, mas 2.000 condenados a mais circulando livremente, sem meios lícitos de sustento, é muita gente. Aliás, isso ocorre todos os anos, em todas as saídas temporárias. Mas, como dizia a campanha publicitária lançada pela Associação Brasileira de Anunciantes, com apoio do então presidente Lula: “Eu sou brasileiro e não desisto nunca”. 




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