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Novo filme traz mais do simpático Herbie
Por Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
15/07/2005 | 08:36
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Reanimar por reanimar o fusca Herbie no cinema indica uma falsa necessidade nostálgica entre a produção atual. Se a época é de amadurecer gêneros genuinamente infantis - o caso Shrek é evidência segura disso entre as animações -, então promove-se a refilmagem de um ícone da inocência passada para recuperar a propalada ingenuidade. Herbie - Meu Fusca Turbinado mira esse objetivo ao recriar o carro-protagonista de Se Meu Fusca Falasse (1968), filme da Disney que apresentava um modelo Volkswagen com personalidade sub-humana. Nada de novo, em aspecto algum.

A não ser, talvez, por Lindsay Lohan, a intérprete da protagonista Maggie, descendente de uma família de automobilistas decadentes como o seu pai (Michael Keaton). É ela que encontra o fusca Herbie - aquele com o número 53 estampado no capô - soterrado em meio às quinquilharias de um ferro velho.

Ambos, menina e automóvel, coincidem constantemente, sobretudo por serem azarões dentro das regras sociais. Constituem exceções, por conta de seu sexo ou de sua idade, no ambiente masculino, tecnocrático e inflexível das corridas de stock-car, nas quais se inscrevem e derrotam um bambambã das pistas (Matt Dillon, num bis do papel de canastrão de Quem Vai Ficar com Mary?). Uma série de revanches entre os rivais, e as auto-afirmações correlatas dos protagonistas, conduz Herbie - Meu Fusca Turbinado de cabo a rabo.

A diretora, Angela Robinson, nada possui de relevante que tenha chegado a estas paragens. Realizou ano passado D.E.B.S., filme inédito e protagonizado por um quarteto de colegiais que são cooptadas por uma agência de segurança nacional dos Estados Unidos. Seria uma especulação - não exatamente uma constatação - atribuir a sua brevíssima obra uma inclinação a usar a juventude feminina como baliza de contestação da ordem estabelecida, do macho maduro.

Herbie aponta para essa direção, mas em nada contribui para uma conclusão sólida. Afinal, seu foco está num carro que abre as portas sozinho para avexar seus adversários, que pisca os faróis à guisa de pálpebras e que controla a si próprio, descartando piloto - que poderia até ser interessante há 40 anos, mas em virtude da nostalgia a ele pregada desmente qualquer possibilidade anti-hierárquica implícita no filme. Em nome do (falso) resgate da inocência perdida, a comédia de Angela desvia de todas as potencialidades que poderiam fazer dela algo além do esquecível. A falta de rota é tamanha que Herbie consegue dar de ombros para uma informação essencial na conquista do público pretendido: a fantasia.

HERBIE - MEU FUSCA TURBINADO (Herbie: Fully Loaded, EUA, 2005). Dir.: Angela Robinson. Com Lindsay Lohan, Michael Keaton, Matt Dillon. Estréia nesta sexta-feira no ABC Plaza 1, Extra Anchieta 4, Mauá Plaza 5, Central Plaza 8 e circuito.




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