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Requinte e sobriedade na SPFW
Rosângela Espinossi
Do Diário do Grande ABC
22/01/2006 | 09:00
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Um tom de sobriedade, requinte e exuberância marcou os três primeiros desfiles deste sábado da 20ª edição da São Paulo Fashion Week. Dois deles – Fause Haten e Pedro Lourenço – foram fora do prédio da Bienal. Ronaldo Fraga, o primeiro a desfilar no Ibirapuera, levou suas modelos a uma Festa no Céu, tema de sua coleção, com direito a mergulho em piscina de bolinhas. Todos apostaram nos tons profundos, como preto, cinza, verde-floresta, bordô e roxos.

Fause Haten abriu o dia com sofisticação no Espaço Iguatemi, no último andar do shopping com o mesmo nome. Logo na entrada, o estilista criou uma instalação para mostrar sua linha de óculos, em que modelos em cadeiras de praia vestiam peças em preto e branco.

Na passarela, vestidos com acabamento impecável lembravam a silhueta dos anos 50, com suas saias armadas e dorso justo, ou com estruturas que mostravam volumes nas golas e nas barras de blusas usadas com saias mais justas ou amplas. O estilista também optou pela silhueta palito, consumada num vestido verde com aplicações de cristais. Peles de coelhos verdes, bordôs e beges alinhavavam a sofisticação das peças em casacos ou miniboleros. Flores pretas aplicadas em peças brancas imprimiam delicadeza a vestidos e saias. Pegando carona na arte, Fause se inspirou nos desenhos da artista plástica norte-americana Kara Walker para criar suas estampas de meninininhas bordadas com paetês pretos sobre fundo branco. Para arrematar a coleção, quase todas as modelos entraram com cinto de couro marcando a cintura bem alta. Hoje, Fause desfila sua coleção masculina com a participação da cantora Maria Rita, que cantará ao vivo.

O garoto Pedro Lourenço, filho de Gloria Coelho e Reinaldo Lourenço, apresentou sua coleção nas instalações do Mube (Museu Brasileiro de Escultura). Com o tema Vitorian Futurist, o jovem estilista se inspirou na era vitoriana, após a morte do príncipe Eduard (1861) para compor suas peças, também austeras, mas ao mesmo tempo jovens. Aliás, uma coleção que marca a evolução do talento precoce. Os casacos justos e retos, com volume nas golas, vinham acompanhados de botas de canos altos que faziam as vezes de calças superjustas. Ponto também para as blusinhas sem manga com gola alta cheias de babadinhos e para os vestidos franzidos com panos organizados um sobre outros para dar volume.

As delicadas estampas de pequenas flores vermelhas e rosas sobre fundo branco merecem destaque. Sem trilha sonora e cenário de fundo, o estilsta quis dar ênfase à roupa. E conseguiu. O desfile foi aplaudido em vários momentos.

Ronaldo Fraga brinca com a vida e a morte em uma Festa no Céu, que, segundo a fábula, Deus teria criado para acabar com o tédio do lugar. Nesta balada celeste, os vestidos com volumes em tons escuros (pretos verdadeiros ou falsos, que se transformaram em roxo e cinza), vinham com aplicação, babados ou franzidos (dando um leve toque balonê na barra).

A primeira modelo saiu da piscina vestida de preto. Os demais – o estilista mostrou alguns looks masculinos – entravam pelo fundo da passarela. E, no final, com os modelos na passarela, Ronaldo entrou empurrando um a um. Depois, ele mesmo se jogou, para deleite da platéia.



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