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Polícia busca informações sobre morte de travesti

Agentes tentam descobrir local exato onde crime foi cometido para achar alguma pista

Por Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
25/10/2018 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


A Polícia Civil de Santo André busca informações para entender o que de fato aconteceu e tentar encontrar quem provocou a morte de Rodolfo Mendonça da Silva, 31 anos, travesti conhecida como Karholine e que foi atacada a facadas domingo, na Avenida Industrial. A equipe do setor de homicídios do município tem realizado diligências na área e ouvindo travestis que frequentam a avenida. O objetivo é descobrir o local exato onde Karholine foi atacada para saber se existem câmeras de segurança que possam fornecer imagens do momento do crime.

Embora este não seja o primeiro caso contra travestis na região, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) não tem dados sobre quantidade de mortes desse público, porque os boletins de ocorrência são feitos com base no registro de nascimento da vítima.

Fundador e presidente da ONG ABCD’S (Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual), Marcelo Gil destaca, entretanto, três casos de repercussão ocorridos em São Bernardo, porém, sem solução. Exemplo foi a morte de Gildo Vale Mendes, 35, travesti assassinada em 2005, quando saía do bar Papa Hefe, na Rua Caetano Zanella, perto do Terminal Ferrazópolis.

Gil culpa a falta de políticas públicas e de respeito na hora em que os casos são registrados. “O travesti que morre não tem sua identidade sexual, escolhida por opção própria, respeitada. O registro é feito como homem, com o nome registrado no nascimento.”

Ele reforça que se houvesse políticas públicas eficazes, os casos diminuiriam. Para Gil, sem oportunidade de emprego, esse público opta pela vida na rua para ganhar algum dinheiro, passa a consumir drogas e se envolver em problemas sociais. “Não temos uma delegacia especializada que atenda a demanda dos LGBTIs. Também não há cursos profissionalizantes, oportunidade de emprego e programas voltados ao nosso público.”

A SSP informou, em nota, que “todas as ocorrências de homicídios com vítimas transgêneros registradas em qualquer delegacia do Estado são apuradas com máximo de rigor”. Embora sejam registrados com o nome de nascença, o histórico procura manter o gênero utilizado pela pessoa.

A SSP disse também que mantém diálogo com as entidades que lutam pelos direitos LGBT e que, entre as medidas adotadas pela Pasta, está a inserção, em novembro de 2015, de campo com o nome social nos registros dos boletins de ocorrência e também a inclusão da motivação (se está relacionada a intolerância ou discriminação, com a opção homofobia/transfobia).  




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