A desaprovaçao da família e o preconceito masculino só serviram de estímulo para que a paranaense Camille Rangel, 21 anos, lutasse desde os 13 para conquistar o título de campea norte-americana de jet-ski na categoria Runabout, no último dia 5 de agosto. O título alcançado foi uma surpresa, depois de três meses de competiçoes em 8 etapas realizadas em Chicago, nos Estados Unidos, que reuniu os melhores do mundo na categoria. "Cada obstáculo que eu venço é um incentivo", afirma Camille, que atualmente enfrenta as dificuldades de competir sem patrocínio e de treinar em Curitiba, uma cidade sem praia e onde o clima nao contribui para o desenvolvimento e a prática do esporte.

"Estou tentando acertar um patrocínio com a Mormaii aqui no Brasil, e lá nos Estados Unidos com um fabricante de jet-sk", declara Camille, na esperança de conseguir patrocínio para ingressar na categoria profissional e difundir o esporte no país, onde ainda compete disputando seu espaço com homens, que sao mais velhos e mais fortes do que ela. "Sofri muito com o preconceito aqui no Brasil. Era difícil ser a única mulher competindo entre os homens", confessa Camille, "mas agora já conquistei meu espaço e sou respeitada por isso"

A paixao por esportes radicais vem de família. O pai, Carlos Eduardo Rangel Santos, foi piloto de equipe de Força Livre, e o tio, Afonso Rangel, já correu na Fórmula Ford. Camille ganhou o primeiro jet-ski de presente de Natal em 1992, e rapidamente trocou o hipismo, esporte praticado por ela dos 8 aos 12 anos, pelas emoçoes das corridas aquáticas. No ano seguinte, ela começou a treinar e nao demorou cinco meses para ingressar nas competiçoes, ainda que a família, nesta época, fosse contra. "Meu pai tinha medo, nao queria. Hoje ele me ajuda e me apóia".

Os primeiros títulos vieram um ano depois, quando Camille conquistou os campeonatos Paranaense e Catarinense. Em 1995, foi vice-campea brasileira, os 15 anos, quando foi pela primeira vez para um mundial em Lake Havan City, no Arizona, ficando em 18° lugar. O título de Campea brasileira em 1996. Neste mesmo ano, Camille ficou em 13° no Mundial.

Em 1997, Camille Rangel parou de competir para se dedicar aos estudos. Ela prestou vestibular e passou em Direito, na Universidade Tuiuti do Paraná, voltando a competir um ano depois. "Eu estava liderando o campeonato paulista e fui prejudicada por uma tempestade de areia na última volta" desabafa.

Em 1999, a garra e o esforço lhe valeram o título de campea brasileira e paulista, ficando em 8° no mundial. Este ano, Camille trancou a faculdade para se dedicar mais ao esporte e já conquistou em março o título de Campea Brasileira na categoria Runabout Super Stock, na praia de Boa Esperança, em Minas Gerais. Agora, ela concentra todas as energias para o Mundial deste ano, que acontece entre os dias 8 e 15 de outubro. Ela está otimista e afirma que este será um ano bom. "Meu objetivo é o campeonato mundial, e este ano vou trazer o título para o Brasil" afirma Camille.