Turismo Titulo Agatha Christie
Brixham, Paignton e Torquay
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
16/09/2010 | 07:04
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Assim como as tramas de Agatha Christie, Torbay (codinome da Riviera Inglesa) surpreende o turista a cada cena. Suas três principais cidades, interligadas por um círculo de praias de areia cor-de-rosa e rochas avermelhadas, não poderiam ser mais diferentes entre si.

Ao Sul, Brixham alia o ar bucólico dos chalés incrustrados nas rochas da Berry Head à fama de possuir uma das maiores esquadras de pesca da Grã-Bretanha. Do outro lado da baía, Torquay revela um perfil urbano, com muitas construções erguidas desordenadamente no elegante estilo vitoriano.

E no meio das duas, Paignton chama atenção com seus ares nostálgicos, adornados por gramados, palmeiras e tradicionais clubes de cavalheiros.

É lá que fica a Ilha do Burgh, que inspirou a Rainha do Crime a escrever O Caso dos Dez Negrinhos, considerado um dos maiores clássicos modernos das histórias de mistério. Na trama, dez pessoas recebem o mesmo convite para passar um fim de semana na remota Ilha do Negro. Na primeira noite, após o jantar, elas ouvem uma voz acusando cada uma de um crime oculto cometido no passado. A partir daí, dá-se início a uma sequência de mortes tão inevitáveis quanto inexplicáveis, sendo que, para cada convidado eliminado, desaparece também um dos negrinhos que enfeitam a mesa de jantar.

Além dos 12 pontos turísticos que compõem o tour guiado Agatha Christie Mile, boa parte da história da escritora pode ser conferida na recém-restaurada casa de veraneio da família, em Greenway, que foi transformada em museu com objetos pessoais da romancista.

Ela e o segundo marido - o arqueólogo Max Mallowan - eram colecionadores inveterados e encheram a casa de antiguidades adquiridas durante as viagens exploratórias. Eles se conheceram em um sítio arqueológico no Iraque, casaram-se em 1930 e, desde então, a Dama do Crime acompanhou Mallowan em muitas escavações pelo Oriente Médio.

O fascínio que sentia pela arqueologia e pelo estilo de vida à la Indiana Jones dos grandes exploradores, aliás, inspiraram vários de seus posteriores trabalhos, como a instigante trama Morte Sobre o Nilo, cuja primeira edição foi arrematada em um leilão, quatro anos atrás, por 2.400 libras esterlinas (cerca de R$ 6.400).


AGATHA CHRISTIE MILE

GRAND HOTEL
Foi na suíte à beira-mar deste Quatro Estrelas que Agatha Christie passou a noite de núpcias com o primeiro marido, Archie, após o casamento em Bristol, na véspera do Natal de 1914. Dois dias depois, ela viajou com ele para Londres e acenou-lhe adeus enquanto ele partia para a guerra na França. Hoje, o bar e o restaurante popular do hotel servem de parada quando bate a fome em meio ao percurso do Agatha Christie Mile.

ESTAÇÃO FERROVIÁRIA Agatha nunca permitiu que os personagens Hercule Poirot e Miss Marple se encontrassem em seus livros. Em 1990, por conta do centenário de nascimento da escritora, eles finalmente se reuniram nesta estação, encarnados em atores locais.

TORRE ABBEY
Inaugurado em 1894, o local apresenta design clássico vitoriano com fonte ornamental, canteiros ricos e as famosas palmeiras importadas da Nova Zelândia. A restauração custou milhões de libras e foi reaberta por David Suchet em 2008.

PRINCESS PIER
Além de ser o local preferido da escritora para andar de patins com os amigos, o píer abriga o Museu de Torquay, com exposição dedicada à filha ilustre da cidade.

PAVILHÃO
Edifício elegante inaugurado em 1912 com uma grande sala de concertos. Agatha apreciava muito a música clássica e assistiu a vários espetáculos ali, entre eles, um concerto de Wagner na companhia de Archie Christie, com quem se casou mais tarde.

PRINCESS GARDENS
Jardim com todas as plantas venenosas que aparecem nas obras da escritora. É aberto ao público das 10h às 18h e a entrada custa cerca de R$ 13.

BUSTO DE AGATHA
Foi inaugurado por sua filha - a deputada Rosalind Hicks - em 15 de setembro de 1990 para marcar o centésimo aniversário da escritora. O trabalho é do escultor holandês Carol Van Den Boom-Cairns. Ao lado da estátua fica a loja com a maior coleção de livros e DVDs de Agatha.

STRAND
Situada no coração de Torquay, serviu de ponto de parada para diligências e bondes durante o dia de Agatha. Acredita-se que ela e sua mãe tenham feito compras em algumas lojas exclusivas da via, como a Cox (atual Hoopers).

MUSEU DE TORQUAY
É o mais antigo do condado de Devon e funciona na própria casa da escritora. Seu pai era integrante da Sociedade de História Natural de Torquay e guardava várias coleções de achados arqueológicos descobertos nas escavações da Caverna Kents. Em 1990, o local passou a abrigar também um acervo dedicado à escritora, com imagens inéditas da Rainha do Crime e uma visão completa de sua vida e obra.

TORBAY YACHT CLUB
Era frequentado pelo pai de Agatha, Frederick Miller, que visitava o local todos os dias para jogar cartas, ler jornais e bater papo com os amigos. A rotina só mudava no verão, quando passava a dedicar a maior parte do tempo ao papel de presidente do Torquay Cricket Club. Em sua autobiografia, a escritora diz ter boas lembranças do clube.

BEACON COVE
Conhecido na época como Balneário das Senhoras, o lugar era muito frequentado por Agatha, que, embora fosse uma boa nadadora, quase se afogou em suas águas durante a adolescência. Na ocasião, um barqueiro a salvou.

IMPERIAL HOTEL
O terraço serviu de cenário para o capítulo final de Sleeping Murder. Hoje, é muito procurado pelo fãs para um café ou chá da tarde no Lounge Palm, que oferece belíssima vista panorâmica da baía de Torquay.




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