Política Titulo São Bernardo
Imasf contabiliza deficit de R$ 1 mi ao mês

Enquanto instituto readequa preços com base nos salários, alta de valores de agência nacional chega a ser cinco vezes maior

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
24/11/2018 | 07:00
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A crise financeira pela qual atravessa o Imasf (Instituto Municipal de Assistência à Saúde do Funcionalismo) de São Bernardo tem como um de seus principais responsáveis a política de reajuste de valores, que tem gerado descompasso de R$ 1 milhão nas contas da entidade.

Enquanto as operadoras privadas e clínicas conveniadas aumentam os preços com base nas autorizações da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) – muitas vezes alegando alta de valores por novas tecnologias ou materiais adquiridos em dólar –, as quantias do Imasf são vinculadas ao salários dos servidores, o que gerou diferença de até 4,9 vezes entre o que é praticado pelo mercado e pela autarquia municipal.

Em 2018, por exemplo, a ANS autorizou os planos de saúde privados a majorarem os preços em 10%. A Prefeitura de São Bernardo, por sua vez, reajustou em 2,9% os vencimentos dos funcionários públicos. Entre 2015 e 2017, o governo de São Bernardo aumentou em 19,6%. A ANS validou o acréscimo dos valores em 40,6%. Essa defasagem faz com que o Imasf tenha de complementar, com seus recursos, pedidos de atendimento de servidores.

O Diário fez uma cotação de valores e comparou a quantia praticada pelo Imasf e por quatro das principais operadoras de plano de saúde do País: Sul-América, Porto Seguro, Amil e Bradesco. Há diferença de até 395% – por exemplo, na faixa etária de 65 anos, um servidor usuário do Imasf paga R$ 545,75 por mês; na rede particular, em média, esse dado é de R$ 2.700.

Soma-se a essa defasagem o problema de gestão, em especial com Valdir Miraglia, gestor do Imasf na maior parte do governo de Luiz Marinho (PT). A própria CPI do instituto, realizada pela Câmara em 2016, apontou deficit de R$ 100 milhões nas contas da autarquia durante a administração de Miraglia.

O governo Morando herdou o Imasf com R$ 20 milhões em passivo sem receita de curto prazo disponível para cobri-lo. Alternativa encontrada pelo tucano foi de reaver o imóvel e o terreno destinados à construção de um hospital da autarquia. Essa operação, feita no ano passado, solucionou aquele problema em especial, mas não estancou a sangria financeira no caixa da entidade municipal.

Atualmente o Imasf administra o plano de saúde de 20 mil pessoas, entre servidores e dependentes. Já houve detecção de envelhecimento da carteira de usuários sem a renovação dos quadros. Ou seja, há alta demanda (pela idade de funcionários e dependentes) sem quem possa sustentar o uso dos serviços. Outro problema já identificado é que foi autorizada a permanência do beneficiário sem avaliação da taxa de sinistralidade. Também há assistência estendida a todo território nacional sem contrapartida financeira correspondente.

O Diário mostrou ontem que o rombo nas contas do Imasf tem provocado a ameaça de descredenciamento de hospitais e clínicas que atuam junto ao instituto. Um exemplo é o Hospital São Bernardo, que precisa receber até R$ 5 milhões. O Grupo NotreDame Intermédica, que administra o complexo hospitalar localizado na Avenida Lucas Nogueira Garcês, no Jardim do Mar, admitiu romper o contrato.

O Imasf já informou que estuda plano de recuperação da autarquia. 




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