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E a Ipiranguinha voltou a apitar...
Por Ademir Medici
16/10/2017 | 07:00
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 “À mocidade acadêmica, que, desde 1827 até hoje, tem guardado zelosa os gloriosos foros da Academia de S. Paulo, dedico este livro, como uma lição de patriotismo e de fé.”
Cf. Spencer Vampré, citado por Gofredo Telles Jr, seu antigo aluno e sucessor na Cátedra da São Francisco.

Há 100 anos, em outubro de 1917, a São Bernardo Fabril, mais conhecida como Tecelagem Ipiranguinha, no Distrito de Santo André, recomeçava os trabalhos, sob uma nova direção. Foi um longo e doloroso processo.
A mais antiga fábrica de Santo André, fundada na última década do século 19 com o nome de Silva, Seabra e Companhia, entrara em processo de falência e foi a leilão.
Tempo da Primeira Guerra Mundial. E de disputa jurídica. Longos artigos foram publicados em jornais como O Estado de S. Paulo, com partes rivais, economicamente, se digladiando, o que incluiu a poderosa Light and Power. As partes queriam adquirir, em leilão, a massa falida da Ipiranguinha.
Saiu vencedor o advogado e professor Spencer Vampré. Ele defendia os interesses de Antonio Pereira Ignacio, novo proprietário da Ipiranguinha.
Quando a fábrica fechou, o desemprego campeou em Santo André. Famílias deixaram a região. E aquele formidável patrimônio entre o Centro urbano de Santo André e Capuava permaneceu parado, à espera de uma solução, finalmente surgida.

OS VENCEDORES
Antonio Pereira Inácio (Baltar, Paredes, Portugal, 29-3-1875 – São Paulo, 14-2-1975). Veio menino para o Brasil. Comerciante de destaque e industrial, com fábricas em Sorocaba, São Paulo e Votorantim. A Ipiranguinha, por ele adquirida, teve como nome fantasia Tecidos Lucinda. Foi sogro do engenheiro José Ermírio de Moraes, que criou o Grupo Votorantim.
Spencer Vampré (Limeira, SP, 24-4-1888 – São Paulo, 13-7-1964). Escreveu vários livros. Muitas das suas obras são verdadeiros clássicos do Direito brasileiro. Em 1924 lançou o livro Memórias para a História da Academia de S. Paulo, que retrata a história da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da qual foi diretor. Quando a Ipiranguinha foi reaberta, Dr. Spencer Vampré mudou-se para Santo André.

Boyes.
Santista.
Santex.
Mas sempre Ipiranguinha

A história da Ipiranguinha pode e deve ser escrita. Sua jornada ilustra bem o desenvolvimento de Santo André entre o fim do século 19 e meados do século 20.
Alguns milhares de trabalhadores foram empregados pela fábrica. Investidores a administraram. Sua produção de tecidos ao longo dos anos – como a chita – deve ter registros. A fábrica construiu vilas operárias, ainda visíveis no Ipiranguinha, o mais antigo bairro de Santo André.
Na Ipiranguinha registraram-se as primeiras greves industriais do Grande ABC.
Uma boa fonte para se contar esta história são os registros em antigas carteiras profissionais. Como a de Joaquim Augusto da Cunha, com 57 anos de firma na tecelagem de Simeão Boyes, industrial inglês.
Joaquim foi admitido em 1912, na unidade Boyes do Belenzinho, em São Paulo. Ele acompanhou a mudança da Boyes para Santo André, em 1931, sob o comando de Alberto e Alfredo, filhos do velho Simeão.
Em 1945 a Companhia Boyes, sempre conhecida por Ipiranguinha, foi vendida ao grupo Santista. Joaquim, de simples ajudante de pedreiro, tornou-se vigia na fábrica de panos. A boa caligrafia o levou para o escritório e ao posto de chefe do Departamento de Pessoal da agora Santex – Santo André Têxtil, razão social que aparece no ano de 1956.
Em 1958, a Santex entra com pedido de concordata.
Em 1967, a velha Ipiranguinha encerra atividades. Joaquim Augusto da Cunha permaneceu como chefe do DP até o fim da fábrica.
Em 1968 são desapropriados 8.000 dos 30 mil metros quadrados da antiga empresa, para a passagem da Avenida Perimetral.
Sr. Joaquim morava na casa 755 da Rua Gertrudes de Lima, a mesma rua da Ipiranguinha, bem perto da fábrica.

Diário há 30 anos
Sexta-feira, 16 de outubro de 1987 – ano 30, edição 6.574
Manchete – Juros sobem e bolsas de valores caem no Exterior.
Grande ABC – Faltam planos para os ferros-velhos, que são ameaça na região.
Data – Só contrastes no Dia Mundial da Alimentação.
Poder aquisitivo perde para os preços.
Novos riscos com aditivos e agrotóxicos
Política agride os programas oficiais.
Reportagem: Ivanilde Sitta.
Mauá – Hospital Nardini pode virar elefante branco. O diretor, Osmar Mikio Noriwaki, admite a precariedade dos serviços.
Cultura & Lazer – Começa, em Santo André, a VIII Feira do Livro, com homenagem ao historiador Octaviano Gaiarsa.
Clima intimista no show de Sá & Guarabyra no Teatro Cacilda Becker, em São Bernardo.
Memória – Visitamos Rio Grande da Serra e publicamos foto do Centro da cidade feita por Alberto Murayama.
Polícia – PM mata assaltante dentro de ônibus na Avenida Pereira Barreto.


Em 16 de outubro de...
1892– Numa área inicial de 9.670 m², começa a ser formado o novo Cemitério Municipal de São Bernardo, o atual Cemitério-Museu de Vila Euclides. O cemitério anterior ocupava área que ficava atrás da Matriz da Boa Viagem, no Centro.
– A Sociedade de Produtos Químicos L. Queiroz participava da Exposição Industrial de São Paulo. Divulgava suas várias unidades, inclusive a fábrica de formicida (sulfureto de carbono) que mantinha em São Caetano.
Em São Caetano, a L. Queiroz produzia várias marcas de formicida, entre as quais a Júpiter. Na direção, o químico Jeremias Senatore.
Luiz Queiroz, diretor-superintendente da companhia que leva o seu nome, informava que a unidade de São Caetano era a única do gênero existente no Estado.
A guerra. Do noticiário do Estadão: era executada na França a dançarina Matahari, condenada em 24 de julho por delito de espionagem.
– Inaugurada a nova sede do Corpo de Patrulheiros Mirins de São Caetano, no bairro Nova Gerty.
Estréia a peça Pesadelo, criação coletiva do Grupo Forja, integrado por metalúrgicos do Grande ABC. Na coordenação, Tin Urbinatti. É a história de um operário e seus problemas com o desemprego. No elenco, 32 atores. Local: sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema.

Municípios Brasileiros
Celebram seus aniversários em 16 de outubro:
No Rio Grande do Norte, Açu
Na Paraíba, Bananeiras
No Paraná, Bela Vista do Paraíso
Em Alagoas, Capela
No Mato Grosso, Carlinda
Em Sergipe, Carmópolis
No Rio Grande do Sul, Catuípe
No Espírito Santo, Marataízes
No Maranhão, Primeira Cruz
Na Bahia, Sento Sé
Fonte: IBGE

Hoje
Dia da Ciência e da Tecnologia
Dia Mundial da Alimentação
Dia Mundial do Pão
Dia do Engenheiro de Alimentos
Dia do Anestesista
Dia do Instrutor de Autoescola

Santas do Dia
Edwiges (Alemanha, 1174 – Polônia, 1243). Contam os historiadores que vivia com uma renda mínima, usando o restante para socorrer os pobres, enfermos, idosos, viúvas, crianças abandonadas, endividados e encarcerados, a quem ajudava pessoalmente.
Fonte: Blog Canção Nova

Margarida Maria Alacoque (França, Borgonha, 1647 – Paray-le-Monial 1690). Religiosa da Ordem da Visitação.




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