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Roubo a ônibus é maior em três bairros
Por Vanessa Fajardo
Do Diário do Grande ABC
06/11/2008 | 07:03
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Ari Paleta/DGABC


Cerca de 60% dos assaltos aos ônibus municipais de Santo André ocorrem nos bairros Vila Suíça, Jardim Santo André e Condomínio Maracanã. No total, até outubro deste ano, as seis empresas de transporte que formam o consórcio União Santo André, contabilizaram 490 assaltos e um prejuízo em torno de R$ 250 mil. Em 2007, no mesmo período, foram 442 crimes do gênero. As informações da Aesa (Associação das Empresas do Sistema de Transporte de Santo André) mostram que durante o ano todo, em 2007, cerca de R$ 180 mil foram parar nas mãos dos criminosos.

Além do dinheiro do caixa dos cobradores, os tacógrafos têm sido alvos dos assaltantes. O equipamento digital - que controla a velocidade dos veículos - custa, em média, R$ 3.200, mas no mercado paralelo é comercializado a R$ 500. Para roubá-lo, os assaltantes destroem todo o painel do veículo a marretadas.

Mais do que o comprometimento nos lucros, os empresários lembram que o problema interfere na segurança tanto dos funcionários quanto dos usuários do sistema de transporte. "O operador perde a motivação de trabalhar e vivemos o medo constante de que haja vítimas nesses roubos", diz Luiz Marcondes Freitas Júnior, gerente-geral da Aesa. No ano passado, um motorista e um cobrador morreram em assaltos distintos no Jardim Santo André.

Empresários, motoristas e cobradores contam que os criminosos entram nos ônibus como se fossem passageiros e praticam o assalto sem se preocupar em esconder o rosto. Estão sempre armados com revólveres ou facas. Reféns da situação, os próprios integrantes da categoria, brincam com a situação. "Eu fui o premiado de hoje", comentam após o assalto. Em alguns casos, os passageiros também se tornam vítimas.

O motorista Arnaldo Avelino da Silva, 56 anos, diz que por duas vezes assaltantes roubaram tacógrafos dos veículos que conduzia em itinerários na Vila Luzita. Atualmente, operando na linha do Condomínio Maracanã, Silva contabiliza pelo menos oito assaltos ao caixa. "Já chegaram a me apontar armas, mas nunca me fizeram nada porque não reajo. Percebo que são sempre os mesmos ladrões."

O cobrador Alexandro Mendes da Silva, 29, já sofreu cinco assaltos na linha da Vila Suíça. "Uma vez levaram R$ 600 do caixa e outra vez chegaram a rasgar minha calça porque o dinheiro estava no bolso."

Os passageiros também estão vulneráveis ao problema. A técnica em enfermagem, Romilde Felix Silva de Paula, 28, diz que foi agredida e teve a bolsa roubada dentro de um coletivo no Condomínio Maracanã. "Fiquei indignada, desci do ônibus e saí correndo atrás dos bandidos. Apesar de já ter passado um tempo, sinto medo de que aconteça de novo. Acho que ficou um trauma."

Também há quem fuja à regra. Com 18 anos de profissão, o cobrador Orlando Farias, 57, orgulha-se de nunca ter sido assaltado, o que é uma raridade entre a categoria. "Trabalhei em linhas e horários diferentes, mas nunca aconteceu. O medo faz parte da profissão, mas Deus me protege."

CARTÕES
As seis empresas da União Santo André possuem juntas uma frota de 300 veículos e atendem diariamente cerca de 200 mil passageiros. Destes, aproximadamente 40% ainda pagam as passagens com dinheiro. O restante utiliza cartões magnéticos do sistema de bilhetagem eletrônica. O objetivo da Aesa é, aos poucos, aumentar a adesão ao cartão para diminuir a circulação de dinheiro nos veículos.




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