O percurso da tocha olímpica pela cidade de São Francisco, única etapa americana, foi reduzido nesta quarta-feira, devido à presença de manifestantes nas ruas, em mais uma etapa agitada da chama que acenderá a pira dos Jogos de Pequim.

"As pessoas estavam nas ruas e decidimos reduzir o percurso", disse um oficial da polícia, que pediu para não ser identificado.

A tocha chegou no final da tarde ao aeroporto de São Francisco, levada por uma caravana de veículos, e a chama olímpica ficou em uma área restrita do estacionamento, próxima ao terminal internacional, a qual a imprensa não teve acesso.

No início do percurso, a tocha desapareceu das câmeras de TV quando era carregada por uma corredora em São Francisco, e só reapareceu 45 minutos depois.

O incidente ocorreu logo após a tocha ser acesa e entregue a uma corredora, que seguiu para um armazém em meio a um cordão de isolamento, para surpresa dos jornalistas que faziam a cobertura do evento.

A tocha reapareceu 45 minutos depois, iniciando efetivamente seu percurso por São Francisco, cercada por um forte esquema de segurança. O trajeto não incluiu a emblemática ponte Golden Gate, ou Chinatown, o bairro chinês de São Francisco.

As autoridades da cidade reforçaram a segurança depois dos incidentes registrados em Paris e Londres durante a passagem da tocha.

O prefeito Gavin Newson já tinha avisado que a tocha não seguiria um itinerário fixo, e que o percurso seria constantemente modificado em função dos acontecimentos.

Defensores dos direitos humanos, militantes pró-Tibete e opositores ao regime comunista chinês foram às ruas de São Francisco, muitos com a intenção de "apagar a tocha".

Horas antes do início da "corrida" da tocha, a polícia de São Francisco deteve um militante pró-Tibete, um jovem asiático, que foi algemado e levado em uma viatura, constatou um fotógrafo.

Em outro incidente, um militante pró-Tibete americano de origem chinesa provocou a cólera dos manifestantes pró-China ao desfraldar uma bandeira do Tibete.

Pelo menos 150 manifestantes pró-Tibete enfrentaram um número semelhante de militantes pró-China na zona do estádio de beisebol dos Giants, enquanto a polícia tentava manter os dois grupos separados.

São Francisco foi escolhida para ser a etapa americana da tocha exatamente por abrigar uma grande população chinesa, o que ajudou a "equilibrar" os protestos contra a situação dos direitos humanos na China, principalmente no Tibete.

Em Pequim, as autoridades acusaram a presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, de promover os protestos em São Francisco.

Pelosi "ignorou o princípio de não-politização" dos Jogos e, ao lado de outros membros do Congresso, é culpada de "perder completamente a moral e a consciência", disse o porta-voz da chancelaria chinesa, Jiang Yu, citado pela imprensa oficial.

Jiang lembrou um comunicado do gabinete de Pelosi, "incitando protestos durante o revezamento da tocha olímpica" em San Francisco.