Em tempos de crise econômica no País, moradores se unem para manter a tradição de Natal e deixar as casas iluminadas, seja reaproveitando decoração dos anos anteriores ou até mesmo comprando enfeites de forma coletiva. Este é o caso de aproximadamente 70 famílias que moram na Rua Arapuru, no Parque Jaçatuba, em Santo André. Há 15 anos a vizinhança se junta para garantir que o local seja ponto turístico na cidade.

A psicóloga Luciane Lupi Zanon, 37 anos, conta que todos os moradores se envolvem na brincadeira e se ajudam. “Um empresta para o outro (decoração), às vezes compramos juntos ou alguém compra e divide com os outros. É um momento de muita união.”

O principal atrativo da rua é a neve artificial. O responsável pela brincadeira é o químico Valdecir José Testa, 50. Morador do local há 13 anos, diz que “entrou para a turma” logo que se mudou para a Rua Arapuru. Nos últimos seis anos, instalou máquina no telhado de sua casa que simula flocos de neve. “O que me motiva é ver a alegria das crianças. A rua fica cheia (de visitantes) aos fins de semana, é muito divertido participar deste momento mágico todo ano.” 

A cada 30 minutos, Testa tem de subir no telhado e abastecer a máquina de neve. A tarefa é realizada das 19h às 23h. “Adoro fazer isso. Os vizinhos ficam na rua, se unem, é muito bacana. Nesta época do ano nem viajo para poder me dedicar a este momento.”

A atendente Joana de Cássia Lucci, 59, foi uma das pioneiras na Rua Arapuru. Ano a ano, mais vizinhos entraram na onda até que Jô, como é conhecida, passou a enviar cartinhas convidando moradores de todas as casas a participar. “Nunca imaginei que tomaria essa proporção e que a rua viraria ponto turístico.”

Já no Parque Marajoara, também em Santo André, a empresária Sandra Suely Nery, 57, decora sua casa pela fé. Há 15 anos teve depressão e, após ser curada, fez promessa de “mostrar ao mundo que Deus existia”. “Não é pela decoração em si, faço isso para transmitir uma mensagem de fé. Minha secretária do lar, Márcia Regina Gomes, é responsável por ajudar na decoração.”

Casas espalhadas pelas sete cidades chamam atenção pela decoração natalina. Embora haja menos adeptos do que em anos anteriores, a magia da data é mantida por muitas famílias. Em São Bernardo, Jersino Cardoso de Oliveira, 65, enfeita sua residência, no Jardim do Lago, anualmente. “Todo ano compro um enfeite e reaproveito os antigos. É tradição. Sempre decorei a casa e não consigo não me dedicar a esta data tão especial.”

A equipe do Diário também observou imóveis decorados nos bairros Olímpico e Barcelona, em São Caetano.

Hospital de Santo André é atrativo turístico há 25 anos

Visitar a fachada do Hospital particular Beneficência Portuguesa, na região central de Santo André, tornou-se tradição para a maioria das famílias andreenses na época do Natal. Há 25 anos, a unidade de Saúde realiza decoração típica, cada ano com tema diferente.

Após dois meses de montagem, no último dia 8 o hospital inaugurou o atrativo, que vai até 6 de janeiro. Com o tema Meu Natal no Celeiro, além de cenário de armazém norte-americano, com moinho de água e cata-vento girando na fachada, há ainda personagens de fazendinha e animais, com movimentos, interagindo com o cenário, presépio, pilão, carroça e cercadinhos juntamente com a tradicional neve de espuma. Neste ano, o clima do cenário está embalado por músicas country e natalinas.

A doméstica Magna Cândida Viana de Oliveira, 50 anos, leva seu filho Davi, 7, todos os anos para ver a magia do Natal no Hospital Beneficência Portuguesa. “Desde que ele nasceu vou ao hospital. Acho a decoração maravilhosa e cada ano fica mais bonita.” 

A visitação é gratuita e pode ser feita de segunda a sexta-feira das 19h à 1h, e, aos sábados e domingos, das 19h às 2h.