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Médico é indiciado e tem prisão temporária decretada
Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
23/11/2016 | 07:00
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Divulgação


 A Polícia Civil finalizou o inquérito contra o médico brasileiro formado na Bolívia que exercia a profissão sem registro do CRM (Conselho Regional de Medicina) e está envolvido no transporte de paciente que morreu após dar a luz à gêmeos em Santo André, no domingo. Graziane Soares Pereira, 33 anos, teve prisão temporária decretada por tempo indeterminado e responderá por falsidade ideológica e exercício ilegal da profissão.

Conforme o depoimento de Pereira à Polícia, o profissional assumiu utilizar nome falso e afirmou que após ser reprovado na prova do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) em 2015, aguardava ser chamado para a segunda fase do exame neste ano. O nome falso utilizado por ele (Rafael Marques) tinha registro no CRM e foi obtido pela Internet.

O médico ilegal assumiu que atuou na empresa Sérgio Remoções entre 2014 e 2015 e que foi contratado novamente, há três meses, porém não tinha registro em carteira. Segundo ele, os empregadores estavam cientes de sua situação ilegal no País. Ele recebia de R$ 100 a R$ 250 por paciente removido, chegando a ganhar quantia que variava entre R$ 5.000 e R$ 9.000 mensais.

Sobre o dia da transferência da paciente entre as unidades de São Bernardo e Santo André do Hospital Santa Helena, Pereira afirmou que, como médico socorrista, verificou os sinais vitais de Vanessa Batista, que apresentava pulsação e respiração normais, segundo ele.

Conforme o médico ilegal, a paciente apresentou queda de oxigênio no sangue quando a ambulância percorria a Avenida Perimetral, em Santo André, e, na porta da unidade, espuma rosada saiu da boca de Vanessa, o que indicaria edema no pulmão. “O kit de aspiração da ambulância ainda não estava pronto e eu optei por fazer a aspiração na emergência do hospital, pois havia saturação ainda confortável”, afirmou.

Ao chegar na unidade de Saúde, o procedimento foi feito com a supervisão de dois médicos e enfermeiras. Somente após este momento Pereira afirmou que Vanessa seria encaminhada para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva), já que a informação inicial, antes da remoção, era a de que se tratava de paciente destinada ao setor de emergência.

O médico ilegal disse que deixou Vanessa no hospital com dificuldades respiratórias e só soube da morte após ter realizado outras duas transferências. Ele também afirmou que fez “todo o possível dentro de seu conhecimento técnico e com os instrumentos disponíveis na ambulância para a estabilização da paciente.”

De acordo com o delegado titular do 1º DP (Centro) José Rosa Incerpi, ainda falta ouvir o proprietário da empresa, que não foi encontrado e está sendo procurado. “No caso, seria para complementação do inquérito. Queremos questionar os motivos da contratação do acusado e se de fato houve negligência também da parte dele”.

Ontem, perícia foi feita na ambulância para verificar se o veículo está devidamente equipado e dentro dos padrões. A previsão é que o laudo fique pronto em 30 dias. O Cremesp instaurou sindicância para apurar o caso e vai encaminhar denúncia ao Ministério Público.




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