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O Brasil da mãe Joana

Uma ala do governo petista tem simpatia pelo banqueiro Daniel Dantas. Outra ala do governo petista quer ver Dantas na cadeia

Carlos Brickmann
28/09/2008 | 00:00
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Uma ala do governo petista tem simpatia pelo banqueiro Daniel Dantas. Outra ala do governo petista quer ver Dantas na cadeia. Na Polícia Federal, a ala hoje no comando é inimiga da que caiu; há outras alas, que seguem até políticos que já saíram do governo federal. Juízes e promotores criticam o Supremo (e alguns ministros do Supremo já bateram boca em público). Aliás, é provável que o Brasil seja o primeiro país do mundo em que magistrados em início de carreira e policiais queiram ensinar interpretação de leis a ministros do Supremo.

E os partidos? O PSB, que apóia o presidente Lula, está com o candidato tucano em São Bernardo, e hostiliza os aliados petistas em Fortaleza (mas não é todo o PSB: é Ciro Gomes - cujos irmãos, o deputado Ivo e o governador Cid, se recusam a apoiar sua candidata). O PSDB é auto-suficiente: não precisa de outros partidos para a sangrenta guerra paulistana. O PMDB é Serra em São Paulo, mas é Lula no Rio, com Eduardo Paes (e contra o outro candidato carioca de Lula, Marcelo Crivella); Lula, a propósito, é contra Alessandro Molón, o candidato do próprio PT à Prefeitura do Rio (e contra seu antigo amigo Fernando Gabeira).

O ministro da Defesa acusa a Agência Brasileira de Inteligência, Abin, de fazer gravações ilegais. Generais em comando de tropa discordam abertamente da política do presidente, que é o comandante-chefe das Forças Armadas.

E o Congresso, lugar ideal para mediar as crises? Ah, é época eleitoral. Deputados e senadores hoje nem passam por Brasília. Em novembro, quem sabe?

GUERRA AMAZÔNICA...
Preste atenção à denúncia do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), contra o governador Eduardo Braga, do PMDB: é coisa grave. A ex-mulher do empresário Rosinei Barros, Renata, gravou vídeos acusando-o de ter o governador como sócio oculto e usar essa ligação para inúmeros casos de corrupção, que nasceram com a venda de combustível superfaturado para os veículos do Estado. Virgílio entregou os documentos ao procurador-geral da República.

...E GUERRA ELEITORAL
O governador Eduardo Braga apóia a candidatura de seu vice, Omar Aziz, à Prefeitura de Manaus. Nas pesquisas, Aziz está à frente de Serafim Correia, candidato à reeleição, mas perde longe do ex-governador Amazonino Mendes, que caiu um pouco mas tem tudo para ganhar no primeiro turno. O presidente Lula está na campanha ao lado de Eduardo Braga e do candidato Omar Aziz.

ALÔ, ALÔ, ALOPRADOS!
A polícia catarinense pede habeas-corpus para usar algemas à vontade (e não, como manda o Supremo, só quando necessário). Afirmam que usar algemas no ato da prisão evita problemas. Tudo bem. Mas este colunista não viu algemas no cavalheiro dos dólares na cueca, assessor de um deputado petista. Nem dos aloprados, os petistas que levavam milhões em dinheiro vivo para comprar um dossiê falso. Talvez a coisa não esteja bem explicada: Flávio, filho de Paulo Maluf, foi preso sem algemas, pilotou seu helicóptero até São Paulo, trazendo os policiais federais que o prenderam, e só foi algemado quando as câmeras de TV se acenderam. Será que problema nas prisões só aparece com a câmera ligada?

SEXO INFANTIL
Em excelente reportagem, o Correio Braziliense mostrou tudo sobre a exploração do sexo infantil em Brasília, com crianças de menos de dez anos. Nossos parlamentares reagiram da maneira de sempre: in-dig-na-dís-si-mos! O senador Cristovam Buarque ameaçou até romper com o governador se o problema não for resolvido. É como se Cristovam não morasse em Brasília, não trabalhasse em Brasília, não circulasse em Brasília (da qual, aliás, foi governador). É como se outros parlamentares jamais olhassem pela janela do carro. É imoral fingir que o problema não existe enquanto não é preciso responder à imprensa.

OS ALIADOS DE LULA
O presidente da República conseguiu duas façanhas: virou o jogo em São Bernardo, onde seu PT estava acostumado a apanhar no primeiro turno; puxou o petista Carlinhos de Almeida para a disputa no reduto tucano de São José dos Campos. Lula dedicou este fim de semana à campanha por seus candidatos paulistas. Sabe que ainda há riscos: em São Bernardo, por exemplo, já circulam panfletos com a reportagem do jornal alemão Die Welt sobre uma viagem do candidato petista Luiz Marinho à Alemanha - viagem daquelas bem boas.

COMPARANDO VALORES
Um leitor petista desta coluna compara o jantar de apoio a Luiz Marinho, que custou R$ 2.000 por pessoa (até que foi barato: o primeiro saiu a R$ 20 mil), com o de Geraldo Alckmin, no Jockey, que custou R$ 1.000 reais. A frase: "ou seja, um Marinho vale dois Alckmins". Marinho ainda não reclamou da comparação.




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