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Escola vai ocupar espaço de 350 árvores
Cláudia Fernandes e Rogério Gatti
Do Diário do Grande ABC
04/12/2006 | 22:19
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A Prefeitura de São Bernardo pretende construir uma escola de educação ambiental na Chácara Silvestre, no bairro de Nova Petrópolis. Para isso, estima-se que cerca de 350 árvores sejam derrubadas. O projeto tramita há sete anos na Prefeitura e segunda-feira foi divulgado a membros do Compahc (Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de São Bernardo). Todos ficaram perplexos com a possibilidade de derrubada das árvores.

O paradoxo do que foi arquitetado pela administração – desde a época em que Admir Ferro era secretário da Educação, em 2001 – é justamente a derrubada de árvores para a construção de uma escola que trata de preservação do meio ambiente. O projeto, segundo a secretária da Educação, Neide Felicidade, é da USP (Universidade de São Paulo) e foi para a Secretaria Estadual do Meio Ambiente para ser aprovado. Sem previsão de ser colocado em prática.

“A grande maioria das árvores é de eucaliptos”, justifica a secretária, levando em consideração que a espécie é daninha. Porém, considerando ainda que a área está repleta de árvores nativas e exóticas.

Segundo a presidente do Conselho, Arlete Ceriani, não é possível concordar com um corte de árvores nessa proporção. “A nossa posição no momento é contrária à construção, considerando os moldes em que esse projeto está hoje”, afirma. “Até a secretária se mostrou surpresa com o impacto que essa obra vai causar, já que o projeto existe antes mesmo dela começar a gestão”, contou Arlete.

A escola ambiental seria construída na área arborizada em frente ao casarão da Chácara Silvestre. No encontro de segunda-feira, estavam presentes representantes de diversas entidades preocupadas com o assunto, como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) da cidade, historiadores e arquitetos, entre outros. Cada participante presente teve o direito de se manifestar e dar sugestões.

A Secretaria de Obras da Prefeitura estuda a forma de viabilizar a idéia da Educação. Mas nem mesma a secretária Neide Felicidade tem idéia de como será a escola. Diz que não tem detalhes porque tudo foi idealizado na gestão passada. Sabe apenas que a escola atenderá toda a rede municipal e que serão oficinas monitoradas por profissionais da Prefeitura.

Chácara – No casarão da Chácara Silvestre viveu Wallace Cochrane Simonsen, um dos responsáveis pela emancipação política e administrativa da cidade, ocorrida em 30 de novembro de 1944. Além disso, Simonsen foi prefeito do município entre 1945 e 1947.

A casa é considerada um verdadeiro documento da arquitetura dos anos 1930. Em 1987, a construção foi tombada pelo Compahc, mas uma brecha na lei pode garantir o uso do espaço em frente ao local. Como não fica claro se a chácara inteira foi tombada ou se a lei só vale para a casa – na ocasião do tombamento não houve a preocupação em detalhar o que deveria permanecer intacto –, a dupla interpretação dá à Prefeitura a liberdade de tirar as árvores, caso o Estado consinta. “Mas é claro que vamos fazer o replantio. De preferência ali mesmo”, assegura a secretária Neide Felicidade.

No local funciona um museu da Chácara Silvestre e uma biblioteca especializada em folclore, cultura popular e patrimônio cultural, que fica aberta ao público escolar, pesquisadores e interessados, para pesquisas, estudos e consultas.

O espaço é vulnerável e a Prefeitura tem dificuldade em conter invasões de famílias no local. Segundo a secretária, esse problema será resolvido com o muro que está sendo construído ao redor de todo o espaço.



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