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Projeto leva história até bairros de Santo André

Iniciativa do museu municipal distribuirá painéis de fotos em 15 pontos tradicionais da cidade a partir de abril

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
14/03/2016 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


As ruas de Santo André já abrigaram grandes plantações e hortas. O fato inimaginável para a cidade de característica urbana e que hoje concentra população de quase 700 mil habitantes será levado aos moradores por meio de ação do Museu de Santo André. A partir do dia 20 de abril, o Projeto Bairros: incluindo memórias, incluindo cidadãos disponibilizará quatro painéis em 15 pontos da cidade, com fotos, depoimentos que contam a história do município.

O primeiro ponto da cidade a receber o projeto será o calçadão da Rua Coronel Oliveira Lima, no Centro. A expectativa é de que os painéis percorram todos os bairros em período de seis meses. Para viabilizar a ação, a cidade conta com financiamento do ProAc (Programa de Ação Cultural) do Governo do Estado com valor de R$ 75 mil.

A historiadora responsável pelo projeto, Marly Rodrigues, afirmou que um dos objetivos é que o cidadão se sinta parte da história do bairro onde vive. “Nosso intuito é que as pessoas percebam as comparações entre os lugares. Estamos priorizando fotos com pessoas, para notar também a diferença da população. Por exemplo, vamos incluir a fotografia de uma feira, porque queremos focar realmente no cotidiano dessas pessoas”, explicou.

Conforme a agente cultural Margarete Lemos Abreu, a maior parte do acervo utilizado no projeto fazia parte da biblioteca do museu. O material foi coletado e organizado no final dos anos 1990. “Ele (material) é muito utilizado por pesquisadores. A ideia é descentralizar o conhecimento e sair um pouco dos muros do museu”, disse.

Além do acervo disponível no Museu, os historiadores fizeram pesquisas em jornais para completar o material. Outro ponto abordado foi a origem do nome dos bairros, o que, segundo elas, acaba sendo uma das principais curiosidades da população.

A transformação do município, que a partir dos anos 1950 passou a adquirir aspectos urbanos, também ganhará destaque. Em decorrência dos incentivos fiscais e da proximidade da Via Anchieta, as indústrias começaram a chegar. Em contrapartida, os loteamentos foram sendo ampliados junto com as construções.

“Os primeiros loteamentos eram de famílias importantes, como a Flaquer, que teve integrantes na política como prefeito e senador. Eles adquiriram muitos lugares da parte baixa, e subiram para onde hoje é a Vila Alzira, o Centro e o Ipiranguinha”, lembra Margarete. Já bairros mais modernos, como é o caso do Jardim Jamaica, são fruto da especulação imobiliária.

No fim da década, a indústria passou por outra transformação, quando a produção de automóveis ganhou força. Assim, Santo André iniciou a construção dos primeiros viadutos nos anos 1960. Outra curiosidade da mostra é a escolha do nome do bairro Jardim do Estádio, local que deveria abrigar o estádio municipal, instalado na Vila América.

As transformações da população também poderão ser observadas. No século 19, a maior parte dos moradores era imigrante europeu, que fugiu da guerra. Mais tarde, o município recebeu trabalhadores de todo o País, em busca de melhores condições de vida.

A população interessada pode enviar depoimentos e fotos dos bairros por meio da página oficial do projeto no Facebook (www.facebook.com/incluindomemorias).

 

Ação contará com explicação técnica e oficinas para estudantes da rede

 

Apesar do foco de levar conhecimento para a população, o principal intuito do projeto Projeto Bairros: incluindo memórias, incluindo cidadãos é a ação educativa. Professores interessados poderão levar os alunos para visitar os painéis. Ação que contará com supervisão e explicação de profissionais do Museu da cidade. Haverá ainda atividades como palestras e oficinas nos locais.

Conforme a responsável pela ação educativa Rosimara Barbosa, a ideia é atrair desde estudantes da Educação Infantil, ensinos Fundamental e Médio, até a população da EJA (Educação de Jovens e Adultos). “Apesar de a questão da história regional ser trabalhada na escola, essa discussão não acontece dentro das casas. Os próprios educadores que conhecem o museu se dão conta do enorme potencial educativo do acervo”, disse.

Segundo Rosimara, o museu é mais visitado próximo ao aniversário da cidade em abril. No ano passado, 3.000 pessoas, entre alunos e professores, frequentaram o local.

A ideia de disponibilizar o acervo foi dos funcionários do próprio museu, que se uniram para inscrever o projeto na iniciativa do Governo do Estado.




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